Aproximadamente 40% dos postos de liderança no Poder Executivo do Brasil são preenchidos por indivíduos negros ou indígenas. Embora essas populações constituam a maior parte do total da população nacional, elas representam 39% das lideranças em ministérios, autarquias e fundações. Esse percentual cresceu 17 pontos percentuais nos últimos 25 anos. Entretanto, homens brancos continuam a dominar a maior parte das posições de liderança, com 35%.
As informações foram retiradas da pesquisa inédita intitulada “Lideranças Negras no Estado Brasileiro (1995-2024)“, que foi apresentada nesta sexta-feira (28). O levantamento foi realizado pelo Núcleo de Pesquisa e Formação em Raça, Gênero e Justiça Racial (Afro-Cebrap), com o apoio da Fundação Lemann e da Imaginable Futures.
A pesquisa apresenta uma análise do perfil dos indivíduos que estão à frente nas posições de liderança, utilizando informações do Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos (Siape). O levantamento abrange um período de 25 anos, correspondente a sete mandatos presidenciais. Adicionalmente, a investigação inclui entrevistas detalhadas com 20 dessas figuras de liderança.
Segundo as informações obtidas, em 1999, durante a administração de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), 13% das funções de liderança no Poder Executivo eram exercidas por homens negros ou indígenas. As mulheres negras ou indígenas representavam 9% desses cargos. Dessa forma, a soma de homens e mulheres dessa demografia correspondia a 22% das posições de liderança. Na mesma época, 37% das vagas eram ocupadas por homens brancos, enquanto 29% estavam nas mãos de mulheres brancas.
Em 2024, durante o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), houve uma transformação no panorama. 24% das posições passaram a ser preenchidas por homens negros ou indígenas, enquanto 15% foram ocupadas por mulheres negras ou indígenas. As mulheres brancas ocupam 26% dos postos de liderança, e os homens brancos permanecem com a maior representação, com 35%. (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom)
