Parlamentares da CPMI dizem que Bolsonaro já pode ser preso como mandante dos atos golpistas

O deputado federal Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), responsável pelas perguntas que levaram o hacker Delgatti Neto a confirmar os crimes de Jair Bolsonaro durante depoimento na CPMI dos atos golpistas de  8 de janeiro, revelou que existem elementos para a prisão preventiva do ex-presidente. Já a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), autora do requerimento que convocou o hacker Walter Delgatti para depor na CPMI, já há elementos para a prisão do ex-presidente como o mandante de todos os atos antidemocráticos e golpistas que ocorreram no Brasil, particularmente a invasão dos Três Poderes, no 8 de janeiro.

 

Thiago Vilarins – Parlamentares membros da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga os atos golpistas do 8 de janeiro, a CPMI do Golpe, defendem a imediata prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista ao Opinião em Pauta na última sexta-feira (18), o deputado pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), afirmou que há elementos para pedir a prisão preventiva de Jair Bolsonaro (PL) que, segundo ele, pode interferir na investigação, principalmente coibindo testemunhas, após as informações que vieram à tona com o depoimento de Walter Delgatti Neto à comissão e a declaração do advogado Cezar Bitencourt, de que o tenente-coronel Mauro Cid deve confessar que traficou joias a mando do ex-presidente. O deputado foi o responsável pelas perguntas que levaram o hacker a confirmar os crimes de Jair Bolsonaro.

“O depoimento do Delgatti foi muito importante. Existe um contexto que dá muita consistência ao que ele está dizendo. Porque já há prova que Carla Zambelli o contratou,  que ele, de fato, foi ao Palácio da Alvorada, que foi ao Ministério da Defesa, e que, de fato, ele conversou com o presidente do PL (Valdemar Costa Neto). E ele está topando fazer acareações. Então, foi um depoimento muito importante, com revelações graves, e com um contexto que aponta para a consistência do que ele diz. Óbvio que isso depende de um aprofundamento: prova testemunhal, temos, agora, caminhando para a parte pericial e documental. No meu entendimento, diante de tudo que foi investigado, até agora, cabe uma prisão preventiva do ex-presidente Bolsonaro, para que ele não interfira no processo de investigação”, disse Vieira ao Opinião em Pauta.

No entanto, o parlamentar ponderou que a esquerda precisa ter cuidado ao pedir a prisão de Bolsonaro para não cair no que ele chamou de “sanha punitivista”, muito comum entre os políticos e militantes da extrema-direita. “Eu procuro ser muito cuidadoso, fujo de espetacularização e sensacionalismo. Acho que nós temos que ser sempre muito cuidadosos no devido processo legal, mas acredito que elementos para uma prisão preventiva para proteger o processo de investigação e para que o ex-presidente não possa interferir em provas ou inibir pessoas, isso, já me parece, uma realidade”, acrescentou.

Vieira lembrou que a autorização de quebra de sigilo bancário e fiscal de Jair e Michelle Bolsonaro ocorreu na noite de quinta-feira (17), então, por uma questão de “timing” a prisão não ocorreria neste fim de semana. O deputado ressalta que, independente da prisão ocorrer nos próximos dias, a CPMI tem que dá sequencia a apuração. “Os próximos passos, agora, é ter acesso a quebra de sigilo bancário, fiscal e, se possível, telemático do ex-presidente Jair Bolsonaro, fazer, talvez, algumas acareações entre o Walter, a Zambelli, o próprio Bolsonaro, e o Valdemar Costa. Agora, precisamos buscar essa parte mais pericial e documental. A testemunhal já avançou bastante. Com documentos e perícia, acho que fecha o quadro geral que vai caracterizando a participação de Bolsonaro em toda essa trama golpista no Brasil”, concluiu.

Mandante

Já para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), uma das autoras do requerimento que convocou o hacker Walter Delgatti para depor na CPMI dos atos golpistas, os elementos já apresentados são suficientes para decretar a prisão do ex-presidente. Durante o seu depoimento, o hacker contou que Bolsonaro lhe pediu para invadir as urnas eletrônicas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ofereceu indulto [perdão presidencial caso fosse preso] e colocou os técnicos do Ministério da Defesa à sua disposição. Outra gravidade, revelada por Delgatti, é que o ex-presidente lhe solicitou que assumisse o grampo que já havia sido feito contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

“Para mim, já está pronta a prisão do Jair Bolsonaro. Já tem mais do que motivos para a prisão como o mandante desses crimes todos e o mandante dos atos antidemocráticos e golpistas que ocorreram no Brasil, particularmente a invasão dos Três Poderes, no 8 de janeiro”, disse.

“Um presidente da República que grampeia o ministro da Suprema Corte, ilegalmente, ou seja, um primeiro crime. Segundo, contrata, através da deputada Carla Zambelli, um hacker para tentar invadir as urnas eletrônicas, coloca, por cinco vezes, esse profissional de TI [Tecnologia da Informação] no Ministério da Defesa, que envolve diretamente o ministro Paulo Sérgio Nogueira, que envolve o comandante do Exército, que invade o CNJ [Conselho Nacional da Justiça] a pedido, inclusive, da Carla Zambelli, e que recebe dinheiro por isso, além de tentar subornar um funcionário com o dinheiro encaminhado pela Carla Zambelli”, completou a parlamentar, enumerando os crimes de Bolsonaro.

“E ainda tem muita coisa para aparecer. Não à toa, o Inelegível disse posteriormente que Zambelli estava prejudicando tudo. Mas vejam que foi ele próprio quem encaminhou o hacker para o Ministério da Defesa, apesar do alerta do general Câmara. Inacreditável. Meteu os pés pelas mãos na certeza de que nunca seria pego. Deu errado”, finalizou.

(Foto: Reprodução)

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