Paraense presa na Indonésia com cocaína é condenada a 11 anos de prisão

País é conhecido por tolerância zero ao tráfico de drogas e, geralmente, os acusados recebem pena de morte. Manuela Vitória foi detida com quase 4 quilos da droga no aeroporto de Bali. Moradora de Belém, Manuela Farias viajou para morar com a mãe em Florianópolis, capital de Santa Catarina, onde teria sido aliciada por traficantes.

 

A brasileira Manuela Vitória de Araújo Farias, de 19 anos, presa na Indonésia desde janeiro acusada de tráfico de drogas, foi julgada nesta quinta-feira (8) no país asiático e recebeu a pena de 11 anos de prisão em regime fechado, além do pagamento de 1 bilhão de rúpias indonésias (cerca de R$ 300 mil). A paraense, moradora do bairro do Guamá, em Belém, havia sido flagrada em dezembro do ano passado com 3,9 kg de cocaína, além de comprimidos de medicamentos controlados. Na época, o advogado de defesa, Davi Lira da Silva, alegou que ela havia sido enganada por uma organização criminosa de Santa Catarina, que teria prometido à ela férias e aula de surfe no país.

Ainda segundo sua defesa, a pena, apesar de alta, deve ser comemorada. “Nós ficamos muito felizes com o resultado. A família dela está muito feliz e com sentimento de gratidão porque todo mundo tinha convicção que viria uma sentença de pena de morte”, diz o advogado Davi Lira da Silva, que atua para a família da jovem no Brasil. A satisfação com a pena se explica pela tolerância zero que a Indónesia tem em relação às drogas. O país adota pena de morte para traficantes.

“Meus colegas [da defesa] que estão na Indonésia chamaram esse resultado de milagre. A defesa avalia a sentença como exitosa. A gente sabe de outros brasileiros em situação análoga e que foram condenados à morte. A defesa fica contente por ela ter escapado de penas mais pesadas”, afirma. Manuela Farias pode progredir de regime, segundo o advogado, se cumprir alguns critérios. “Ela precisa ter bom comportamento carcerário, precisa estudar e trabalhar e ser inserida na sociedade indonésia, com tudo isso a pena pode cair para algo entre seis e oito anos”, completou.

Davi Lira explicou que a brasileira já está estudando a língua local e também inglês para quando chegar o momento da possível progressão ela possa encontrar um emprego no país. “Na audiência retrasada, ela pediu desculpas aos juízes de Bali e ao país porque independentemente se ela tinha consciência ou não do que ela transportava, isso é crime na Indonésia”, afirmou.

Entenda o caso

A prisão da jovem ocorreu no dia 1º de janeiro, mas foi divulgada somente no dia 27 daquele mês pela polícia do país do sudeste asiático. O entorpecente foi encontrado em duas malas. Na primeira, foram localizados dois pacotes de cocaína, de 990 g e 637 g; na segunda, três pacotes de cocaína, de 891 g, 711 g e 379 g. Manuela foi indiciada com base na lei sobre entorpecentes da Indonésia, que prevê penas de 5 a 20 anos de detenção, prisão perpétua ou pena de morte, dependendo do caso.

Segundo o advogado, Manuela foi usada como ‘mula’ para levar a droga ao país, além de ter sido enganada por uma organização criminosa de Santa Catarina, que prometeu férias e aulas de surfe. Após ser presa, ela conseguiu contato com familiares após o auxílio da Embaixada do Brasil no país. Manuela tem residência em Belém, onde mora o pai, e em Florianópolis, capital de Santa Catarina, com a mãe, onde teria sido aliciada por traficantes. Ainda de acordo com o advogado, ela atuava como autônoma, vendendo perfumes e lingeries no Brasil.

Em 2015, os brasileiros Marco Archer e Rodrigo Gularte foram executados na Indonésia após condenação por tráfico de drogas. O advogado diz que a família da brasileira não tem condições de arcar com a multa aplicada e abriu um financiamento coletivo para, quando chegar o momento de progressão de pena, poder pagar a multa. Se o valor não for quitado são acrescentado mais dois anos à pena de prisão.

(Foto: Reprodução/CNN Indonesia)

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