Países ricos querem adesão de emergentes em troca da promessa de crescimento

Henrique Acker (correspondente internacional)  – A Cimeira de Paris para um Novo Pacto Financeiro Global, que se inicia nesta quinta-feira (22  de junho), pretende rever alguns dos princípios do chamado Consenso de Washington, que condiciona os financiamentos do FMI e do Banco Mundial a nações emergentes à aplicação das chamadas reformas estruturais.

O Presidente Lula estará presente e deve conversar com líderes europeus sobre a necessidade do acordo Mercosul-União Europeia.

O encontro vai até sexta-feira, 23/6, com o compromisso que mais doadores de recursos financeiros anunciem sua adesão, para que se atinja os objetivos do Fundo de Redução de Pobreza e Crescimento, estabelecido pelo FMI para empréstimos em condições favoráveis a países de mais baixos rendimentos.

A meta é alcançar os 100 bilhões de dólares em direitos de saques especiais (DSE) não usados pelas nações mais ricas, para garantir o financiamento das nações mais pobres.

No final de março/23 o FMI anunciou que já reunia três quartos desses recursos.

A intenção é que os países mais pobres contem com um total de 440 bilhões de dólares para financiarem o seu crescimento até o final de 2026, aproximando-os das nações mais ricas, como estima o FMI.

 

Isolar a China e seus aliados

O entendimento dos promotores é que a Cimeira de Paris representa um primeiro passo para um “novo contrato entre os países do Norte e do Sul para reagir às alterações climáticas e à crise global”. Mas o pano de fundo do encontro é a disputa pela hegemonia econômica e política mundial entre EUA e China, num cenário internacional marcado pela guerra da Ucrânia e a posição neutra ou contrária à continuidade do conflito expresso pela maioria dos países emergentes.

Não por acaso, além de Emmanuel Macron e do chanceler alemão Olaf Scholz, estarão presentes ao evento a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

Entre os líderes de diversas nações convidadas, estarão em Paris o Presidente Lula e o primeiro-ministro chinês Li Qiang. O secretário-geral da ONU, António Guterres, deve fazer um dos pronunciamentos na abertura do evento.

 

Documento propõe “novo consenso global”

O documento base da Cimeira, intitulado “Uma transição ecológica que não deixa ninguém para trás”, apresentado por líderes das principais potências ocidentais, inclusive Joe Biden (EUA), Scholz(Alemanha), Macron (França), Sunak (Inglaterra), conta com as assinaturas de  Lula (Brasil), Kishida (Japão) e Ursula von der Leyen (UE).

Dele constam referências aos obstáculos criados pelas dívidas dos países mais pobres, no combate à pobreza e à desigualdade.

O texto cita ainda a necessidade de um crescimento econômico inclusivo para eliminar a pobreza. No que se refere ao Planeta, o documento aborda as vulnerabilidades e riscos climáticos, que “afetam de forma desproporcional as populações mais pobres”.

De acordo com os organizadores do evento, é preciso estabelecer “um novo consenso global”, com a aplicação dos recursos disponíveis na luta contra a pobreza, o reforço da saúde, a educação e a segurança alimentar, para fazer face às alterações climáticas e à perda da biodiversidade.

A promessa é de “promover transferência de tecnologia e a livre circulação de talentos para uma economia inclusiva, aberta, justa e não discriminatória”.

 

Por Henrique Acker (correspondente internacional)

 

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