Padilha diz que ‘governo Lula é contrário a qualquer proposta de privatização das praias’

Ministro acrescenta que tema só ganhou repercussão após discussão entre Luana Piovani e Neymar. PEC relatada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL) abre espaço para a especulação imobiliária e ataques ao meio ambiente, além de restringir o acesso da população às praias

 

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou nesta segunda-feira (3) que o governo federal é contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pode privatizar áreas da União no litoral brasileiro. Padilha ainda afirmou ser positivo que o Congresso Nacional tenha realizado uma audiência pública para tratar da questão e que o tema só ganhou ressonância com a briga virtual entre Luana Piovani e Neymar.

“O governo tem posição contrária a essa proposta. O governo é contrário a qualquer programa de privatização das praias públicas, que cerceia o povo brasileiro de poder frequentar essas praias. Do jeito que está a proposta, o governo é contrário a ela”, disse Padilha, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo.

“Foi bom a audiência pública, deu visibilidade a um tema que vocês [jornalistas] não estavam acompanhando, até a Luana Piovani e o Neymar entrarem no tema. Todo mundo agora está sabendo que o tema existe”,  acrescentou o ministro.

Apesar da retomada da discussão, Padilha minimizou a possibilidade imediata de votação da PEC, afirmando que, por enquanto, ela foi apenas debatida em audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A PEC nº 3 de 2022, propõe a transferência de terrenos de marinha em áreas urbanas da União para estados, municípios ou proprietários privados. Após quase um ano de paralisação, a proposta voltou à pauta com uma audiência pública na CCJ, um movimento estratégico do governo para tentar viabilizar a votação.

Aprovada pela Câmara dos Deputados em fevereiro de 2022, a PEC busca alterar as regras sobre os terrenos de marinha, áreas que se estendem por 33 metros ao longo da costa marítima e margens de rios e lagos sujeitos à influência das marés, baseadas na posição da maré cheia de 1831. Estas áreas, atualmente sob domínio da União, abrigam residências, hotéis e bares, mas não incluem a faixa de areia das praias. A proposta foi relatada e defendida pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Segundo o texto da PEC, áreas utilizadas por serviços públicos federais, unidades ambientais federais e terrenos não ocupados permaneceriam sob domínio da União. Entretanto, a proposta permite a transferência de terrenos usados por serviços públicos estaduais e municipais para os respectivos governos locais. Além disso, proprietários e ocupantes de imóveis registrados junto ao órgão de gestão do patrimônio da União, ou que tenham ocupado o local por pelo menos cinco anos antes da promulgação da emenda, também são contemplados pela PEC.

(Foto: Victor Correia/CB/D.A/Press)

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