Otan avança no cerco militar ao Indo-Pacífico. China e Rússia protestam

Henrique Acker (Lisboa) – Em encontro realizado na segunda-feira, 13 de março, na base naval de San Diego (Califórnia), o Presidente dos EUA e os primeiros-ministros do Reino Unido e da Austrália, anunciaram a primeira iniciativa concreta do Acordo AUKUS, entre os três países, lançado em 2021.

Trata-se da compra de três submarinos nucleares estadonidenses pela Austrália, com a opção de aquisição de mais dois até 2030. A previsão é construir a infraestrutura necessária para produzir uma nova geração de submarinos de propulsão nuclear até 2045, a serem usados no patrulhamento das águas dos oceanos Pacífico e Índico.

De acordo com Joe Biden, o objetivo é “garantir segurança e prosperidade para os países democráticos e toda a humanidade”. Já o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, ressaltou que “pela primeira vez três esquadrilhas de submarinos vão operar em conjunto, tanto no Atlântico quanto no Pacífico, mantendo os oceanos livres, abertos e prósperos”.

“O acordo AUKUS representa o maior investimento na capacidade defensiva da Austrália, reforçando a segurança do país e a estabilidade na nossa região”, afirmou o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese. Calcula-se que o projeto, de várias décadas, custará quase 40 bilhões de dólares aos cofres públicos nos primeiros dez anos e criará 20.000 empregos.

Em resposta ao anúncio, o governo chinês alertou que a cooperação de submarinos nucleares entre EUA, Reino Unido e Austrália envolve a transferência de urânio de uso militar enriquecido para um país sem armas nucleares, o que constitui “uma violação do tratado de não proliferação nuclear”, disse o porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin.

“O mundo anglo-saxão constrói estruturas de bloco como AUKUS, avançando a infraestrutura da Otan na Ásia, e apostando seriamente em longos anos de confronto”, afirmou, por sua vez, o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.

Além de fustigar Pequim, com o apoio político, econômico e militar ao regime de Taiwan, o governo Biden busca atrair e fortalecer aliados, como o Japão, a Coréia do Sul e as Filipinas, com o objetivo de dificultar a livre circulação de mercadorias por via marítima na região do Indo-Pacífico, uma das principais vias do projeto chinês de expansão comercial da Nova Rota da Seda.

Um dos objetivos é barrar o acesso da China ao caminho marítimo pelo Estreito de Malaca, que liga o Mar de Andaman (Oceano Índico) e o Mar da China Meridional (Oceano Pacífico). Trata-se da rota mais curta entre o Oriente Médio e a Ásia, em geral, e os países do Oceano Pacífico. Malaca responde por cerca de um quarto do tráfego marítimo mundial anualmente.

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