Os números do genocídio em Gaza

 

Henrique Acker (correspondente internacional) – No momento em que Benjamin Netanyahu abre novas frentes de combate no Oriente Médio, o governo Biden procura manter um discurso diplomático cauteloso quanto aos efeitos da política  de guerra de seu grande aliado na região.

No entanto, a diplomacia por um cessar-fogo e para evitar um conflito generalizado não se sustenta nas ações concretas do governo dos EUA.

Mais tropas e equipamentos militares estadunidenses foram deslocados nos últimos dias para a região. Outros 13 bilhões de dólares foram aprovados pelo Congresso dos EUA (com o voto de democratas e republicanos), a pedido do governo, para assistência militar a Israel.

Em um ano de bombardeios incessantes sobre a população civil e o território de Gaza, os dados falam mais alto. Confira, abaixo, os números do genocídio em Gaza a partir de 8 de outubro de 2023 (Dados de 8/10/24).

 

Mortos, feridos e desaparecidos

. 41.909 mortos (70% desse total são mulheres e crianças)

. 16.891 crianças mortas

. 97.303 feridos

. Cerca de 10.000 desaparecidos nos escombros

. 19 mil órfãos

. Mais de 1.000 amputados

. 800 médicos  e profissionais de saúde mortos

. 222 funcionários da UNRWA (agência da ONU) mortos

. 174 profissionais de imprensa mortos

 

Esgoto a céu aberto em Khan Younis (Gaza) – (Foto: Bashar Taleb/AFP via Getty Images)

 

Fome e sede

. 90% da população de Gaza desalojada ou deslocada

. 80% da população de Gaza depende de ajuda humanitária internacional (alimentos, roupas, calçados e água potável)

. 70% da infraestrutura de bombeamento de esgoto e todas as estações de tratamento de esgoto destruídas, além dos principais laboratórios de testagem da qualidade da água em Gaza

. Palestinos de Gaza vivem hoje com apenas três litros de água por dia para cobrir todas as suas necessidades (3% do necessário).

. 85% da infraestrutura hídrica e sanitária de Gaza estão parcial ou completamente inoperantes

.  Quase 100% da população vive atualmente na pobreza, em comparação com 64% antes da guerra. O custo dos produtos básicos aumentou cerca de 250%

. Quase 500.000 pessoas estão lutando contra a fome catastrófica e há um alto risco de fome em toda a Faixa de Gaza

 

Moradias, escolas e hospitais destruídos

. Apenas 17 dos 36 hospitais de Gaza ainda estão funcionando parcialmente

. 73% das construções destruídas

. 87.000 unidades habitacionais destruídas ou demolidas

. 297.000 unidades habitacionais danificadas, sendo 156.423 edifícios

. 477 das 564 unidades escolares da Faixa de Gaza já foram destruídas por Israel deste outubro de 2023. Todas as 12 universidades também foram bombardeadas

 

Mapa de Gaza e Cisjordânia

 

 

Na Cisjordânia ocupada por Israel

. 743 palestinos mortos nos territórios ocupados por Israel na Cisjordânia

. 11 mil prisioneiros palestinos

 

No Líbano

. 2083 mortos

. 9.745 feridos

. Mais de 1 milhão de deslocados e refugiados

 

 

O que diz a Enciclopédia do Holocausto sobre “genocício”

“O termo “genocídio” não existia antes de 1944; ele foi criado como um conceito específico para designar crimes que têm como objetivo a eliminação da existência física de GRUPOS nacionais, étnicos, raciais, e/ou religiosos.”

“Em 1944, Raphael Lemkin (1900-1959), um advogado judeu polonês, ao tentar encontrar palavras para descrever as políticas nazistas de assassinato sistemático, incluindo a destruição dos judeus europeus, criou a palavra “genocídio” combinando a palavra grega geno-, que significa raça ou tribo, com a palavra latina -cídio, que quer dizer matar.

“Em 9 de dezembro de 1948, sob a sombra recente do Holocausto e em grande parte pelos esforços incansáveis de Lemkin, as Nações Unidas aprovaram a Convenção para a Prevenção e Punição de Crimes de Genocídio. Esta Convenção estabeleceu o “genocídio” como crime de caráter internacional, e as nações signatárias da mesma comprometeram-se a “efetivar ações para evitá-lo e puní-lo”, definindo-o assim:

“Por genocídio entende-se quaisquer dos atos abaixo relacionados, cometidos com a intenção de destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial, ou religioso, tais como:

(a) Assassinato de membros do grupo;

(b) Causar danos à integridade física ou mental de membros do grupo;

(c) Impor deliberadamente ao grupo condições de vida que possam causar sua destruição física total ou parcial;

(d) Impor medidas que impeçam a reprodução física dos membros do grupo;

(e) Transferir à força crianças de um grupo para outro.”

(Foto principal: Campo de refugiados de Nuseirat (Gaza) – Crédito: afp_tickers)

 

Por Henrique Acker (correspondente internacional)

 

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Fontes:

Museu do Holocausto

Ministério da Saúde de Gaza

Escritório Central de Estatísticas da Palestina (PCBS)

Autoridade de Recursos Hídricos da Palestina

Banco Mundial

Centro de Satélites das Nações Unidas (UNOSATNP)

Autoridade Nacional Palestina (ANP)

Organização Mundial da Saúde (OMS)

Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC-ONU)

“Water War Crimes” — “Os crimes de guerra da água”(OXFAM)

Federação Internacional dos Jornalistas

Ministério da Saúde do Líbano

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