Em conversa com o Opinião em Pauta, líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Jandira Feghali, confirma vaga como titular na CPMI dos atos golpistas, que será instalada na próxima semana, e detalha a estratégia da tropa de choque da base governista na comissão contra a tentativa de palanque dos bolsonaristas.
Thiago Vilarins – A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas que vai investigar os ataques às sedes dos três Poderes ocorridos em 8 de janeiro deste ano atingiu nesta quarta-feira (17) o quórum necessário e será instalada na próxima quinta-feira (25). A confirmação tem agilizado a escalação dos partidos pelos últimos nomes para compor o colegiado.
Os dois lados tem apostado em quadros com experiência em situação de confronto no Legislativo, com escalações de veteranos que já tenham participado de comissões de investigação com destaque na história da Casa. Esse perfil fez a indicação da líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Jandira Feghali (RJ), ser uma unanimidade pela Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV) para uma das três vagas de membro titular.
Em conversa com a reportagem do Opinião em Pauta, na noite desta quarta, no plenário da Câmara, Jandira classificou o golpe frustrado de 8 de janeiro como o “mais grave ataque às instituições brasileiras” e defendeu que a estratégia da base governista na CPMI siga três linhas distintas de investigação.
“Não foi só o 8 de janeiro, na verdade houve um planejamento prévio. Então, tem uma construção que antecede esta data, tem os chamados mandantes, os autores intelectuais, uma associação criminosa que se colocou nesse processo, que nós vamos ter que investigar. Tem as plataformas que ajudaram a espalhar e estimular todo esse processo. E tem os financiadores. Acho que nós vamos ter que focar nessas três linhas”, disse.
A deputada lembrou que o pedido de criação da CPMI partiu da oposição e não busca investigar a tentativa de golpe de estado e abolição violenta do Estado democrático de direito. O texto justifica a CPMI pela necessidade de “apurar atos de ação e omissão” ocorridos na data das manifestações.
De acordo com Feghali, o requerimento deixa clara a estratégia da oposição de, com receio das ações, pretende encontrar, principalmente, as omissões. Em resumo, sabem onde a investigação pode chegar e vão usar como estratégia que, apesar de tudo, a falha foi de quem não conseguiu impedir a sanha golpista.
“Eles não têm fôlego pra sustentar nenhuma tese. Até porque não tem tese possível que demonstre qualquer coisa que não seja a responsabilidade deles sobre esse processo. Então, não há dúvida, que essa CPMI, que eles quiseram fazer, é um tiro no pé pra eles”, destacou a deputada completando, em seguida, o que na avaliação dela, será o grande erro de percurso da oposição. “A CPMI vai chegar ao Bolsonaro, inevitavelmente”.
Confira a conversa do Opinião em Pauta com a deputada Jandira Feghali:
Qual será a estratégia da bancada governista na CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro?
Eu sou titular da CPMI e, na medida em que ela for instalada, nós vamos ter que ir fundo nas investigações. Principalmente porque o 8 de janeiro não foi o dia, na verdade houve um planejamento prévio. Então, tem uma construção que antecede o 8 de janeiro, tem os chamados mandantes, os autores intelectuais, uma associação criminosa que se colocou nesse processo, que nós vamos ter que investigar. Tem o dia, propriamente dito, tem as plataformas que ajudaram a espalhar e estimular todo esse processo. E tem os financiadores. Acho que nós vamos ter que focar nessas três linhas.
O governo está selecionando uma tropa de choque bem forte, com nomes experientes em situações de confronto no Legislativo, como a senhora, por exemplo. Do outro lado, estão sendo indicados, principalmente, parlamentares do núcleo bolsonarista com grande destaque nas redes sociais. Como evitar que a CPMI perca o foco e se torne um grande palanque para a oposição?
Nós que estamos na base do governo sabemos que essa CPMI vai desnudar essa corrente fascista no País que tem a base da oposição aqui. Eles não têm caminhos, eles não têm fôlego pra sustentar nenhuma tese. Até porque não tem tese possível que demonstre qualquer coisa que não seja a responsabilidade deles sobre esse processo. Então, não há dúvida, que essa CPMI, que eles quiseram fazer, é um tiro no pé pra eles.
Pelo o que a senhora está dizendo, a CPMI vai chegar ao ex-presidente Jair Bolosnaro?
Eu acho que isso é inevitável. A CPMI vai chegar ao Bolsonaro, inevitavelmente.
Esse é o tiro no pé que a senhora disse?
O tiro no pé é tudo, na verdade. O que aconteceu naquele dia foi o mais grave ataque às instituições brasileiras. A tentativa de golpe falhou, e agora vamos fazer valer a Constituição Brasileira, apurar não só os mandantes, mas também os que executaram, os que bolaram, os que planejaram e os financiadores que são aliados deles. Nós vamos conduzir todos que participaram deste atentado criminoso para as providências devidas da Justiça e demais órgãos para a responsabilização devida, em defesa da Democracia.
(Foto: Mídia Ninja)
