A Operação Ptolomeu III deflagrada pela Polícia Federal, nesta quinta-feira, 9, na cidade de Rio Branco, aprofundou as investigações contra uma organização criminosa instalada no governo do Acre.
Em verdade, a operação, é um desdobramento das fases I e II, desenvolvidas em 2021, quando se investigou um esquema criminoso entre agentes políticos, incluindo o governador, e empresários do Acre.
O braço criminoso da organização envolve contratações públicas da saúde, educação e obras com suspeita de desvios com corrupção e lavagem de dinheiro superiores R$ 120 milhões.
Trata-se da investigação que mirou, ainda em 2021, O
O governador do Acre, Gladson Cameli (PP), seguidor e fiel a Jair Bolsonaro, é apontado como o principal operador dos atos criminosos.
Durante a blitz realizada na capital Cameli teve o passaporte e os bens apreendidos.
Ao todo, foram cumpridos 89 mandados de busca e apreensão não apenas no Estado.
Seis estados e o Distrito Federal tiveram também a “visita” de agentes da Polícia Federal.
Por ter como um dos investigados o governador, as ações foram autorizadas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e foram cumpridas por mais de 300 policiais e agentes da Procuradoria-Geral da República (PGR), da Receita Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU).
Nas fases 1 e 2 da operação, os investigadores encontraram transações financeiras suspeitas, envolvendo bens de luxo, compras subfaturadas, etc.
7 empresas foram apontadas de receber R$ 17 milhões de recursos federais diversos, incluindo repasses do SUS e do Fundeb no Acre.
Agora, os órgãos avançam na apuração dos recursos não somente da saúde e da educação, como também do BNDES para obras de infraestrutura e serviços de manutenção.
A suspeita é que quase todas as áreas do governo do Acre tenham sofrido fraudes de contratações públicas para o desvio dos recursos.
Bens bloqueados
A CGU afirma que identificou “superfaturamento e inexecução contratual em pelo menos quatro contratos com empresas da área de construção civil”. Estas empresas receberam, desde 2019, mais de R$ 268,6 milhões do governo estadual.
Nesta quinta, o STJ determinou o bloqueio de R$ 120 milhões dos investigados, que não tiveram seus nomes divulgados, incluindo contas bancárias, aeronaves, casas e apartamentos de luxo. Além do Acre, os mandados foram cumpridos no Amazonas, Goiás, Piauí, Rondônia, Paraná e Distrito Federal.
Também determinou 31 afastamentos de investigados em cargos públicos, 70 quebras de sigilos bancários e fiscais, a suspensão das atividades econômicas de 15 empresas, e a proibição de 57 pessoas de contato com investigados e de acesso aos órgãos públicos.
Apesar da acusação, que já tramita desde 2021, Cameli se reelegeu governador do estado.
Em nota, o governo do Acre afirma que “sempre atuando com transparência e retidão, mais uma vez se coloca à disposição das autoridades”. (Foto: Polícia Federal/divulgação)