“Eu também deveria estar preso. Eu ajudei a bancar quem estava lá. Pode me prender, eu sou um bandido, eu sou um terrorista”, disse o parlamentar em junho
O deputado estadual Amauri Ribeiro (União-GO), alvo de mandado de busca e apreensão pela Polícia Federal nesta terça-feira (29), da 15ª Operação Lesa Pátria, já afirmou ter financiado os manifestantes bolsonaristas que ocuparam os quartéis-generais do Exército após as eleições. A declaração foi dada no dia 6 de junho, durante discurso na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). Na ocasião, ele defendia a liberdade do coronel Benito Franco, preso pela Polícia Federal em abril durante operação que investigava atos golpistas.
“A prisão do coronel Franco é um tapa na cara de cada cidadão de bem neste estado. Foi preso sem motivo algum, sem ter feito nada. Eu também deveria estar preso. Eu ajudei a bancar quem estava lá. Pode me prender, eu sou um bandido, eu sou um terrorista, eu sou um canalha, na visão de vocês. Eu ajudei, levei comida, levei água e dei dinheiro”, afirmou o deputado.
No entanto, o parlamentar recuou logo em seguida e disse que a declaração foi distorcida. “A imprensa foi lá e distorceu, levando para o dia 8 de janeiro, dizendo que eu assumi e patrocinei. Isso é vergonhoso e absurdo. Eu não seria idiota de falar um absurdo desses”, disse. Segundo a PF, agentes fazem buscas em endereços ligados a ele em Goiânia e Piracanjuba, cidade da qual é ex-prefeito.
Ribeiro coleciona polêmicas desde antes do discurso em defesa dos acampamentos golpitas. Em 2021, por exemplo, afirmou que a vereadora de Goiânia Luciula do Recanto (PSD) merecia “um tiro na cara”, o que rendeu uma investigação na Polícia Civil. Na ocasião, ele ameaçou a parlamentar, militante da causa animal, por supostamente ter invadido uma casa para salvar um cachorro vítima de maus tratos. “Eu fico ‘puto’ quando vejo uma vereadora invadindo a casa de um cidadão, igual essa vereadora de Goiânia aí, que se diz protetora de animais. Arrebenta um portão da casa de cidadão sem mandado, sem ordem judicial, porque ela não é polícia, nem com ordem ela podia, e invade uma casa. Pra mim, merecia um tiro na cara”, disse.
Neste ano, ele se tornou réu por racismo após postar foto de mão branca apertando punho negro com frase: ‘Na minha família não’. A imagem foi veiculada em seu Instagram em abril de 2022 e gerou uma investigação do Ministério Público acatada pela Justiça. Segundo o Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri), o deputado objetivou “demonizar” pessoas gays, colocando-as como “uma ameaça ao modelo heterossexual”, fato que, conforme a polícia, extrapola a liberdade de expressão.
As polêmicas decorrem desde antes de se tornar deputado estadual. Quando tomou posse em 2019, Amauri viralizou nas redes sociais por tomar posse com a mulher sentada no seu colo. Com a mulher Cristhiane Rodrigues Gomes Ribeiro, de 41 anos, sentada em sua perna esquerda, ele tomou posse para a vaga na Alego. Quando era vereador, partiu para cima de um colega da oposição que tinha deficiência física porque discordou de sua fala, que denunciava funcionários-fantasmas na prefeitura. Em outra ocasião, agrediu um homem numa obra, quando soube que a “peãozada” não estava recebendo.
(Foto: Hellenn Reis/Alego)