ONU alerta para risco iminente de morte de bebês em Gaza

Henrique Acker – O Comitê das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança expressou, nesta quarta-feira (21/5), grande preocupação com relatos indicando que mais de 14.000 bebês podem morrer em poucas horas se suprimentos vitais não chegarem à Faixa de Gaza.

“Deixem-me descrever o que está nos caminhões (da ONU): é alimentação para bebês. Não se trata de comida que o Hamas vai roubar”, disse em entrevista à BBC nesta terça-feira (20/5) o chefe da missão humanitária para Gaza, Tom Fletcher.

O alerta vem depois da permissão de entrada de 100 caminhões de ajuda humanitária por Israel, o que seria “uma gota num oceano de carência”, frente aos dois meses de total desabastecimento de uma população de cerca de dois milhões de palestinos.

Mais de 50 crianças já morreram de fome, com muitas outras em risco iminente. O Comitê alertou que, se o bloqueio persistir, novas mortes infantis serão inevitáveis, e até 71.000 crianças menores de cinco anos poderão sofrer de desnutrição aguda no próximo ano.

 

Meninas e mulheres atacadas

 

Com a mesma preocupação, um grupo de especialistas independentes em direitos humanos pediu ao Conselho de Segurança da ONU que abordasse urgentemente o ataque sem precedentes de Israel contra civis em Gaza e reafirmasse seu compromisso com a agenda Mulheres, Paz e Segurança.

“Mais de 28.000 mulheres e meninas foram mortas, milhares ficaram feridas e quase um milhão de pessoas foram deslocadas. Quase 13.000 mulheres são as únicas provedoras de suas famílias. Quase 71.000 crianças e 17.000 mulheres grávidas e lactantes precisarão de tratamento urgente para desnutrição grave em um futuro próximo”, diz o relatório apresentado à ONU.

Já o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom, afirmou na quarta-feira que as operações terrestres israelenses intensificadas em Gaza e os novos pedidos de evacuação levaram o sistema de saúde além do ponto de colapso.

“Mesmo que as unidades de saúde em Gaza não sejam atacadas ou forçadas a evacuar, os ataques a áreas afetadas e a presença de soldados impedem o acesso dos pacientes aos cuidados de saúde e impedem a OMS de reabastecer os hospitais. Isso poderia interromper rapidamente as operações hospitalares”, alertou Adhanom em publicação no Instagram.

 

Governos europeus reagem

Com manifestações multitudinárias de protesto registradas em diversas capitais nos últimos dias, governantes europeus começam a anunciar medidas contra o governo de Israel.

A União Europeia anunciou que vai rever o seu amplo acordo de comércio e cooperação com Israel, devido à intensificação da ofensiva na Faixa de Gaza e ao fato de o governo de Benjamin Netanyahu não ter levantado totalmente o bloqueio à ajuda humanitária.

O parlamento espanhol aprovou lei que proíbe a venda de armas a Israel. Dias atrás, o primeiro-ministro Pedro Gonzalez voltou atrás de uma compra milionária de munições de fabricação israelense.

Em recente entrevista, o presidente francês Emannuel Macron classificou como uma “vergonha” o que se passa em Gaza.

França, Canadá e Reino Unido publicaram declaração conjunta apelando a um cessar-fogo e se opondo “firmemente à expansão das operações militares de Israel em Gaza”. O governo do Reino Unido também anunciou a suspensão das operações comerciais com Israel, devido ao bloqueio da ajuda humanitária.

Benjamin Netanyahu considerou a declaração conjunta dos líderes ocidentais um “grande prêmio” para o Hamas. “Esta é uma guerra da civilização contra a barbárie. Israel continuará a defender-se por meios justos até alcançar a vitória total”, afirmou Netanyahu.

 

No Brasil, Pazuello quer blindar Israel

Enquanto aumentam as vozes de protesto mundo afora contra o genocídio dos palestinos em Gaza, o deputado e ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro, general Eduardo Pazuello, apresenta na Câmara o projeto de lei 475/25, visando criminalizar manifestações que denunciam a ilegitimidade do “estado” de “Israel”.

A proposta deixa claro que a contestação da legitimidade do Estado de Israel poderá ser enquadrada como manifestação antissemita. Assim, sob o pretexto de defender o direito à autodeterminação dos judeus em reivindicar o Estado de Israel, na prática, o projeto serve para blindar de críticas as práticas criminosas praticadas por Israel contra o povo palestino e criminalizar os que as contestam.

 

Por Henrique Acker (correspondente internacional)

 

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Fontes:

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