Lista atualizada conta com mais que o dobro de patógenos do relatórios anteriores, publicados em 2017 e 2018. Especialistas alertam que é apenas questão de tempo para que próxima pandemia aconteça
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou nesta terça-feira (6) um novo relatório atualizado com os vírus e bactérias que podem provocar a próxima pandemia. São mais de 30 patógenos com potencial para acarretar um cenário como o vivido na pandemia de Covid-19, em 2020.
O número é mais do que o dobro das listas anteriores, publicadas em 2017 e 2018, com cerca de uma dúzia de micróbios. A lista foi atualizada por 200 cientistas de mais de 50 países após análise de cerca de 1.600 vírus e bactérias. Os patógenos altamente transmissíveis, virulentos ou capazes de causar doenças graves em humanos foram classificados como tendo “potencial pandêmico”.
Doenças que não possuem vacinas ou tratamentos disponíveis também foram consideradas perigosas. O grupo de coronavírus Sarbecovírus, que inclui o SARS-CoV-2, que causa a Covid-19, e o Merbecovírus, que inclui o vírus causador da síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS) foram considerados patógenos prioritários.
O vírus da varíola dos macacos, que acarretou um surto global de mpox em 2022 e continua provocando surtos em regiões da África Central, também foi incluído. Além dele, até o vírus da varíola, doença erradicada em 1980, foi adicionado à lista, uma vez que o movimento antivacina está impedindo uma maior imunização ao patógeno.
Especialistas de todo o mundo, inclusive brasileiros, alertam que a próxima pandemia está próxima. Fatores como o desmatamento, a urbanização e as mudanças climáticas aceleram esse processo. Para os cientistas, há grande risco da próxima pandemia ser provocada por variantes do vírus da Influenza, causador da gripe.
Na nova lista, foram adicionadas meia dúzia de vírus influenza A, que inclui a gripe a gripe aviária. “O processo de priorização ajuda a identificar lacunas críticas de conhecimento que precisam ser abordadas com urgência”, explicou a médica Ana Maria Henao Restrepo, que lidera a equipa do Plano de P&D para Epidemias da OMS, à Revista Nature.
Uma grande quantidade das doenças incluídas na lista foram identificadas em casos esporádicos, mas os cientistas alertam que possíveis mutações podem desencadear um surto global. Entre as doenças, a maioria é transmitida por morcegos, mosquitos, carrapatos, roedores e por humanos.
Confira a lista atualizados por possíveis vírus e bactérias que vão causar a próxima pandemia:
- Febre de Lassa
- Febre Hemorrágica Argentina
- Cólera
- Praga
- Shigelose
- Salmonela
- Pneumonias
- MERS; Vírus Respiratório do Oriente Médio
- SARS; Síndrome Respiratória Aguda Grave
- Ebola
- Doença de Marburg
- Zika
- Dengue
- Febre amarela
- Encefalite do carrapato
- Vírus do Nilo Ocidental
- Hantavirus
- febre hemorrágica Crimean-Congo
- Gripe aviária (H1 ao H10)
- Gripe suína (H1 to H3)
- Vírus Nipah
- Febre SFTS
- Febre do Vale do Rift
- Varíola
- Vírus varíola
- Mpox
- Chikungunya
- Encefalite Equina Venezuelana
- Patógeno X
- Adenovirus
- Adenovirus 14
- Síndrome mão, pé e boca
- Lentivírus
- Vírus da doença de Borna
Hepatite C
Hepatite E
HerpesHPVParvovírus
Durante a Cúpula Global de Preparação para Pandemias, realizada no Rio de Janeiro, especialistas internacionais destacaram a imprevisibilidade e a universalidade potencial de futuras pandemias, que podem vir de qualquer lugar, alertaram.
O evento, que reuniu profissionais de diversas partes do mundo, focou na troca de experiências e lições aprendidas com crises anteriores, como a da Covid-19, que resultou em mais de 7 milhões de mortes globalmente. A cúpula enfatizou a importância de uma preparação robusta e coordenada internacionalmente para enfrentar possíveis novas ameaças à saúde pública.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, abriu o evento, co-patrocinado pelo Ministério da Saúde do Brasil, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias (Cepi). “Qualquer forma de preparação para futuras emergências deve ser pensada de forma multissetorial. Precisamos de um esforço global para que alcancemos um instrumento para lidarmos com essas situações”, afirmou a ministra.
(Foto: iStock)