Ofensiva de Israel contra campo palestino de Jenin causa mortes e estragos

Henrique Acker (correspondente internacional) –  Na segunda-feira, 3 de junho, militares israelenses deram início a uma ofensiva contra o campo de refugiados palestinos de Jenin, na Cisjordânia. A operação militar conta com o apoio de aviões, drones, carros blindados e tratores.

Até o fechamento desta matéria, já se contavam dez palestinos mortos e uma centena de feridos, sendo 20 deles em estado grave.

Cerca de três mil pessoas abandonaram Jenin, em consequência da violência dos ataques.

A justificativa para a incursão é “quebrar a mentalidade de porto seguro do campo, que se tornou um ninho de vespas”, de acordo com um oficial israelita ouvido pelo jornal britânico The Guardian, referindo-se à presença de grupos de resistência armada palestina no local.

Já um porta-voz da Casa Branca afirmou ao mesmo jornal que “apoiamos a segurança de Israel e o direito de defender seu povo contra o Hamas, a Jihad Islâmica Palestina e outros grupos terroristas.”

O primeiro-ministro da Autoridade Palestina rebateu, afirmando que, se alguém tem direito à legítima defesa, é o povo palestino. “Os territórios palestinos são territórios ocupados pelo exército de Israel”, enfatizou.

 

Novos assentamentos sionistas

O campo de refugiados de Jenin é uma espécie de anexo da cidade do mesmo nome, na região conhecida como Cisjordânia.

Parte da região está ocupada por Israel, que aplica ali sua política de expulsão de palestinos, destruição de suas casas e ocupação da terra por fanáticos religiosos sionistas, designados de “colonos”.

O campo foi fundado em 1953, para abrigar palestinos que fugiram ou foram expulsos de suas aldeias e vilas nas áreas que se tornaram o território israelita, durante a Guerra árabe-israelense de 1948. Atualmente, o campo de refugiados de Jenin possui cerca de 14 mil habitantes.

Nos últimos dias foram verificados incidentes entre palestinos e fanáticos religiosos israelenses, cuja pretensão é expulsar famílias e criar novos assentamentos judaicos em territórios palestinos, sob a velha justificativa sionista da conquista da “Terra prometida” ao “povo escolhido” de Israel.

Sem água, sem luz e sem socorro

Lynn Hastings, coordenadora humanitária residente da ONU, expressou preocupação com a situação, alertando que parte de Jenin encontra-se sem energia, sem água e sem um corredor humanitário para o socorro das vítimas dos ataques israelenses.

Jenin já fora alvo de um ataque brutal por parte das forças israelenses em 2002, quando mais de 50 palestinos foram mortos, durante a segunda Intifada (levante) palestina. O campo de refugiados é monitorado e considerado um alvo frequente pelas forças de segurança do governo de Israel.

O ataque ao campo de refugiados palestinos de Jenin ocorre justamente quando o governo israelense de Benjamin Netanyahu enfrenta os maiores protestos de rua do país contra a “doutrina da razoabilidade”, proposta de reforma que limita o alcance do Poder Judiciário, em detrimento do Poder Executivo. (Foto: Reuters/ Mapa: reprodução)

Por Henrique Acker (correspondente internacional)

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