Brasil deve ter um crescimento modesto nos próximos anos, aquém das necessidades do País para reverter o grau de desigualdade
Nos últimos anos, a economia brasileira surpreendeu os analistas e colheu um desempenho melhor do que o esperado. Mas o que se projeta daqui para frente é um cenário pouco animador. O Produto Interno Bruto (PIB) vai crescer num ritmo aquém das necessidades do País.
Entre 2024 e 2033, por exemplo, o crescimento médio do Brasil deve ser de 2,4% nas contas da consultoria Tendências. Num recorte de prazo mais curto, quando se olha para a mediana das projeções de mercado no relatório Focus, elaborado pelo Banco Central, o cenário é parecido. Neste ano, a previsão para o PIB é de alta de 1,6%. De 2025 a 2027, o avanço anual esperado é de 2%.
“É um crescimento ainda baixo para o que o País precisa, especialmente quando se olha para as necessidades sociais, de redução da desigualdade de renda”, afirma Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências. “O Brasil precisaria ter um crescimento acima de 3% para conseguir endereçar essa questão mais rapidamente.”
O que os analistas dizem é que o País tem um diagnóstico claro dos problemas que impedem uma aceleração do crescimento econômico nos próximos anos, mas ressaltam que não há uma agenda clara para endereçá-los. São entraves que passam pelo fraco nível de investimento do País, pela qualidade ruim da educação e, consequentemente, pela baixa produtividade.
“O Brasil tem diversos problemas. Não há enigma para o nosso baixo crescimento”, afirma Silvia Matos, economista do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). “O diagnóstico é bem feito e temos o receituário. O problema é seguir esse receituário.”
“O Brasil avançou pouco na questão de segurança jurídica”, afirma Alessandra, da Tendências. “De repente, vem uma decisão judicial do além que suspende pagamento de pedágio, por exemplo.”
A boa notícia, na avaliação dos economistas, é que o Brasil pode crescer mais se adotar as medidas necessárias e endereçar essas questões. A reforma tributária – discutida há décadas – deve ajudar a aliviar o cenário dos investimentos no médio e longo prazo.
“Superando essas limitações, a gente pode crescer mais”, afirma Silvia. “Mas é um caminho que demanda reformas, inovação, capital humano e investimento.” (Foto: Reprodução)