O passado de Ailton Barros, militar preso que planejou golpear Moraes e Lula

Acusado de auxiliar o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, nas falsificações de carteiras de vacinação, o militar Ailton Barros foi interceptado pelas autoridades afirmando saber quem matou Marielle Franco e, conforme mais recentemente demonstrado pela mídia, flagrado em mensagens planejando um golpe contra a posse de Lula.

Segundo as investigações da Polícia Federal que culminaram na Operação Venire, deflagrada nesta semana, Ailton Barros conversou diversas vezes sobre dar um golpe de Estado com um contato identificado pelos policias como “PR”, que seria uma alusão a Jair Bolsonaro.

Entre as mensagens de cunho golpista trocadas com Mauro Cid, Barros teve a ousadia de planejar a prisão do ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes.

“Nos decretos e nas portarias assinadas, tem que ser dada a missão de prender o Alexandre de Moraes no domingo, na casa dele, como ele faz com todo mundo. Na segunda-feira, assinar os decretos de Garantia da Lei e da Ordem e botar as Forças Armadas para agir, senão nunca mais vamos limpar o nome do Exército“, disse Barros.

Ailton Barros carrega consigo, ainda, um histórico com outras polêmicas. Confira:

 

O “01 do Bolsonaro”

Natural de Alegrete (RS), Ailton Barros atrelou sua vida política ao Rio de Janeiro. Em 2020 candidatou-se a vereador pelo PRTB na capital, obteve 1628 votos e não foi eleito.

Em 2022, afim de angariar mais votos do que na vereança, apoiou-se no nome do Jair Bolsonaro e emplacou o slogan “O verdadeiro 01 de Bolsonaro”. Agora pelo partido do ex-presidente, o PL, Ailton melhorou a votação, obtendo 6.545 votos, mas novamente não eleito.

 

Negociação com tráfico

Em 2006, Ailton, ainda capitão do Exército, foi acusado de negociar com traficantes do Comando Vermelho a devolução de armas roubadas de um quartel da Força, em São Cristóvão (RJ).

Na época, a Folha de S. Paulo alertou sobre o suposto acordo que posteriormente foi investigado pelo Ministério Público Militar. Oficialmente, o Exército sempre negou a existência do acordo.

Segundo apuração do G1, o Capitão Ailton propôs aos militares da operação o acordo, o que foi negado pelo comandante da operação. Porém, mesmo com a negativa, Barros seguiu com o plano e teve apoio de setores da força, apontou o site.

 

Expulsão do exército

A série de casos contra Ailton Barros na Justiça Militar, a fama de indisciplinado e a exposição da suposta negociação com o CV tornou a permanência do Capitão na Força inviável.

Em destaque, há duas acusações a Ailton Barros:

A tentativa de abuso sexual de uma mulher, em 1997, em acampamento da brigada paraquedista de Natal (RN), no qual ficou preso por 8 dias.

O atropelamento proposital de um soldado.

Durante o processo de expulsão, o capitão ainda conseguiu uma promoção a major, por critério de antiguidade. Ele foi expulso por unanimidade pelos ministros do Superior Tribunal Militar (STM).

Ailton Barros, durante o processo, alegou que se tratava de “perseguição” por ter denunciado um superior por racismo. Além disso, alegou repressão de cunho político, em 2002, no mesmo ano em que Lula se elegeria presidente pela primeira vez. Ailton lançou-se candidato a deputado estadual pelo PT à época.

Depois disso, Ailton Barros deixou o Exército e foi estudar Direito.

 

Ligação com Mauro Cid

Ailton Barros manteve contato com seus colegas de turma da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) e da Artilharia da Brigada Paraquedista. Um deles era Mauro Cid, o ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Quando Cid precisou de um cartão de vacinação para sua esposa viajar aos Estados Unidos, contatou Barros. Já na reserva, Barros pediu ajuda a seu amigo há mais de 30 anos, o ex-vereador Marcelo Siciliano.

Em troca, Siciliano pediu pediu que Cid o ajudasse a resolver o seu visto de entrada nos Estados Unidos, documentação que estava barrada por conta das acusações no caso de Marielle Franco.

 

Quem mandou matar Marielle?

Nas mensagens obtidas pela Polícia Federal, Ailton Barros alega saber quem foi o mandante do assassinato de Marielle.

“Eu sei dessa história da Marielle toda, irmão, sei quem mandou. Sei a p*** toda. Entendeu?”

De acordo com o advogado de Barros, a declaração foi apenas uma “bravata”, para impressionar.

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