Glauco Alexander Lima – Até o maior adversário e detrator de Luís Inácio Lula da Silva reconhece que o ex-metalúrgico vindo da profunda miséria do Nordeste é o maior líder governamental em atividade no mundo.
Na verdade, quem diz isso é a realidade. Desde a redemocratização do Brasil no anos 1980, Lula está no topo de embate político-eleitoral brasileiro.
Disputou 6 eleições presidenciais e ganhou 3. Em outras 3, venceu em duas com sua candidata e noutra perdeu no segundo turno. Sempre priorizando pautas sociais e melhor distribuição de riquezas.
É uma das mais brilhantes trajetórias da democracia em eleições livres na Terra. Um líder que ganha no voto! E, quando perdeu, nunca tentou dar golpe ou mudar a vontade da maioria na força armada ou no crime.
Mas eis que Lula no auge das limitações e da potência de seus 77 anos de vida, está tendo que superar o maior desafio de sua longa e bela trajetória na política: governar o Brasil com uma base aliada minoritária no Congresso e com uma oposição predominantemente formada por representantes da não-política, do desprezo pelo pensar e adeptos da truculência golpista. E como se viu recentemente, até terrorista.
A oposição ao governo de coalizão liderado por Lula da Silva não é a direita idealista capitalista de Delfim Neto, Magalhães Pinto, Aureliano Chaves ou Marco Maciel. Nem a educada social-democracia de José Serra, Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas ou Franco Montoro.
Agora a oposição ao governo de Lula é formada por figuras caricatas, adesistas desalmados, gente sedenta pela chamada lacração e por fazer uma presepada para bombar e confundir nas redes sociais da web e nos grupos dos aplicativos de mensagem.
A pauta desse extremismo direitista insano, que se alinha com os valores do mercado, do estado mínimo, mas usa isso de forma quase coadjuvante. É uma coisa pavorosa que investe mais numa pauta de costumes, de reacionarismo, de fundamentalismo religioso e nessa estratégia que assume a mentira, as chamadas fakes news, como instrumento declarado e descarado de arma de enfrentamento e estímulo ao caos.
Lutar contra essa oposição é como brigar com bêbado. Se ganhar é covardia, se perder é vergonha. A oposição a Lula e seu governo é, em grande medida, a representação parlamentar do avanço do chamado bolsonobscurantismo na vida brasileira e em todos os setores da sociedade.
Uma fauna assustadora que une aves de rapina, lobos em pele de cordeiro, bestas-feras medievais, hienas milicianas, moralistas pervertidos, cães coléricos, santas do pau oco e outras aberrações oriundas do online e do offline.
Tudo isso vai exigir um repertório novo do habilidoso Lula. Uma linguagem nova, táticas adaptadas, criatividade, inovação e também todas as boas e velhas qualidades que fizeram de Lula o gigante da vida brasileira.
Além disso ainda precisa administrar as reivindicações urgentes e legítimas dos grupos mais a esquerda, que em alguns casos ainda não entenderam que o adversário é diferente e o grau de dificuldade da luta política está em outro patamar.
É um desafio gigante, num mundo alucinante, num país sedento, ainda num momento de temerária embriaguez. Num Brasil que ainda é um dos países mais desiguais do planeta.
O grande conciliador de classes, vai precisar jogar num campo novo, num terreno não totalmente conhecido, num gramado revirado por essas novas relações mediadas pelas novidades das tecnologias recentes de mídia. É a grande guerra a ser vencida pelo maior guerreiro da vida brasileira.
O desempenho de Lula será decisivo para o Brasil no curto, no médio e no longo prazo. Vai determinar se vamos retomar a busca pela redução das desigualdades brasileiras ou se vamos mergulhar num Brasil de sociedade insensível, negacionista, opressora e aterrorizante.
Lula vai ter que se inspirar ainda mais nos conselhos da mãe dele, Dona Lindu. O primeiro e maior exemplo de perseverança que Luís Inácio teve na vida. Quando não havia pão para dar de comer aos filhos, ela dizia: “Amanhã vai ter. Amanhã vai ser melhor”. Lula cresceu ouvindo da mãe o conselho que o acompanha por toda a vida: “Teima, meu filho, teima.”
Agora, diante desse complexo e pesado desafio, a gente, que quer um Brasil democrático, plural, acolhedor, com progresso econômico, inclusão humana e respeito ambiental, fica na torcida e na mobilização: – teima Lula! Contigo no comando o amanhã vai ser melhor! (Foto: Reprodução)