O coração do profissional de Educação

Rodrigo Vargas (*)    –    Em meio ao turbilhão das redes sociais, onde risos e críticas se misturam, há uma figura que, silenciosamente, carrega o peso do mundo sobre os ombros: o profissional de educação (e aqui trato professores, orientadores, coordenadores, estagiários e atendentes, pois todos fazem parte da cadeia que nos acompanha ao longo de nosso histórico escolar). Em um vídeo do comediante Diogo Almeida, que tem viralizado nos últimos dias, o descaso com essa profissão é exposto onde ele cita em tom preocupante “A educação está morrendo”.

Eu não seria tão drástico, mas garanto que o que se vê além das palavras (e daquele sorriso sempre estampado ao receber seus alunos) são os olhos cansados e os corações partidos de quem se dedica a ensinar e pouco recebe de retorno. O profissional de educação não é apenas um trabalhador; ele é um artista, um sonhador, um herói anônimo que, dia após dia, entra em sala de aula com a esperança de fazer a diferença para seus pupilos.

No entanto, essa esperança está sendo gradualmente apagada pelo desgaste emocional que a falta de apoio e, inúmeras vezes, a desvalorização salarial provocam. Muitos profissionais de educação se sentem como se estivessem lutando uma batalha solitária, cercados por muros de indiferença. A cada dia, eles se veem obrigados a lidar com a escassez de recursos, a falta de reconhecimento e, acima de tudo, a pressão constante que pesa sobre suas almas, pois se o aluno não alcança a nota, a culpa é do profissional de educação. O que deveria ser uma missão nobre tornou-se uma jornada repleta de desafios que muitas vezes parecem insuperáveis.

É doloroso pensar que, por trás de cada sorriso que acena aos alunos, aquele abraço que todos lembramos até hoje que recebíamos dos profissionais de educação, há um coração que pulsa com a ansiedade, a frustração e, em muitos casos, a tristeza. A falta de apoio emocional e psicológico transforma a sala de aula em um campo de batalha, onde o profissional de educação se vê lutando não apenas para transmitir conhecimento, mas para manter sua própria sanidade. As noites mal dormidas se acumulam, as preocupações se multiplicam, e a paixão pelo ensino vai se apagando lentamente, como uma vela que se consome.

A sociedade precisa olhar para o profissional de educação não apenas como um trabalhador, mas como uma pessoa que dedica sua vida a moldar o futuro de toda a nação. Cada um deles carrega histórias de superação, sacrifício e amor pelo que faz. No entanto, ao negligenciar suas necessidades, estamos nos privando do poder transformador que esses educadores podem exercer. Eles não merecem apenas aplausos; merecem respeito, apoio e condições dignas de trabalho que permitam florescer em sua missão.

Por diversas vezes, os pais terceirizam a educação, principalmente no que se refere a valores e moral, esperando uma educação positiva que, muitas vezes, se confunde com uma educação permissiva. Essa responsabilidade compartilhada deve ser entendida e valorizada, pois a formação integral do aluno é uma tarefa que envolve todos os aspectos da sua vida, ou seja, um conjunto de ações entre família e escola. Sempre soube que “Família educa, escola ensina”.

Enquanto escrevo este texto, ou que você pratica a leitura, lembremos que se isso acontece, passamos por um professor, e que, neste momento de reflexão, possamos abraçar a causa desses profissionais com empatia e compaixão. Que possamos reconhecer que cada lágrima derramada em silêncio é um pedido de socorro, um clamor por valorização e reconhecimento. O profissional de educação é a alma da educação, e quando ele se desgasta, toda a sociedade sofre as consequências.

Portanto, ao olharmos para esses profissionais, que possamos enxergá-los como seres humanos que, apesar de suas lutas e obstáculos diários, continuam a acreditar no poder do conhecimento. Que o nosso apoio se transforme em ações concretas, que a valorização salarial não seja apenas uma promessa, mas uma realidade. Afinal, um profissional de educação não é apenas uma profissão; é um coração que pulsa por um futuro melhor, e esse coração merece ser cuidado e amado.

E que, se estamos aqui hoje em tempos de redes sociais, humoristas, advogados, policiais, médicos, políticos, seja lá a profissão que escolhemos: TODOS NÓS PASSAMOS POR PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO. Que as palavras de um humorista, que por incontáveis vezes nos fazem rir e mudam nosso dia, nos tragam esse alerta para mudarmos o dia e o futuro de quem nos formou.

 

* – Jornalista, Assessor de Comunicação, Palestrante e especialista em comunicação interpessoal. Autor do e-book “Comunicação para o Dia a Dia – Como se conectar melhor com os outros – e consigo mesmo”.

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