Numa ONU em crise, Lula prega combate à desigualdade e desenvolvimento sustentável

O discurso de Lula na 78ª Assembleia Geral da ONU certamente não foi muito bem recebido pelos principais governos da Europa e dos EUA. Apesar do tom moderado, o conteúdo teve forte crítica à forma como as grandes potências atuam nas Nações Unidas e nos demais organismos internacionais.

Ao denunciar o neoliberalismo, ao propor como alternativa um desenvolvimento sustentável, baseado no enfrentamento das desigualdades, o Presidente do Brasil atacou os pilares da política das grandes potências.

O objetivo de Lula é abrir o debate sobre a ampliação do Conselho de Segurança da ONU, fechado a EUA, China, Rússia, França e Reino Unido, aos quais atribuiu a responsabilidade pela perda de credibilidade do organismo por travarem suas próprias guerras.

Mas as críticas não se limitaram à ONU. Foram ampliadas a outros organismos internacionais, como a Organização Mundial do Comércio e o Acordo de Paris, por suas ações tímidas e consequências limitadas para um desenvolvimento sustentável.

O Presidente brasileiro também criticou a distribuição desigual de recursos do FMI e do Banco Mundial, que classificou de inaceitáveis. Lula ainda catucou os EUA e seus aliados ao defender uma pátria para o povo palestino e a liberdade para o jornalista Julian Assange.

Em contrapartida, citou como exemplos de iniciativas para reverter o imobilismo das instituições internacionais a recente ampliação do BRICS e a Cúpula dos países amazônicos, cujos dirigentes se comprometeram com uma agenda comum de preservação daquele bioma.

Chama a atenção que, com exceção de Joe Biden (presidente do país anfitrião), nenhum outro dirigente máximo dos demais países do Conselho de Segurança – China, França, Reino Unido e Rússia – tenha comparecido à Assembleia Geral, o que demonstra o grau de importância que seus representantes conferem à ONU na atualidade.

Em seu pronunciamento de abertura da Assembleia Geral, o próprio secretário-geral, António Guterres, reconheceu a fragilidade atual da Organização para o enfrentamento dos desafios globais no século XXI. Ainda que timidamente, Guterres defendeu uma reforma das  estruturas da ONU. (Foto: Mike Segar/Reuters)

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Obs: Mesmo que tivesse a intenção de comparecer a Assembleia Geral da ONU, Vladimir Putin correria o risco de ser detido, por acusações de crimes contra a humanidade pelo Tribunal Penal de Haia.

Obs1: Apesar de ocupar o cargo de secretário-geral, o português António Guterres tem que usar o Inglês para falar nos fóruns da ONU. Isso porque o Português, língua oficial em nove países, distribuídos pelos cinco continentes, ainda não é reconhecido como um dos idiomas oficiais das Nações Unidas.

 

Por Henrique Acker (correspondente internacional)

 

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