Novos tempos: Páscoa deve garantir ao varejo R$ 2,49 bilhões de faturamento

O faturamento deverá ser 2,8% superior do ano passado.

 

As vendas do varejo voltadas para a Páscoa deverão totalizar R$ 2,49 bilhões em 2023, segundo projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Confirmada essa expectativa, o volume de vendas deve apresentar um crescimento de 2,8% em relação a mesma data do ano passado, já descontada a inflação.

O terceiro avanço anual das vendas de Páscoa ainda se insere no contexto de retomada do consumo pós-pandemia. Em 2020, o volume de receitas do varejo registrou o menor patamar de vendas em 10 anos. Assim, apesar do aumento no faturamento real esperado na data neste ano, o montante financeiro gerado deverá ficar 2,7% abaixo do volume observado na data de 2019.

Para efeito de comparação, no primeiro ano da pandemia, o volume de vendas somou R$ 1,87 bilhão; no ano seguinte, R$ 2,37 bilhões; e em 2021, R$ 2,42 bilhões. Se confirmar a previsão deste ano, a diferença, em valores brutos será apenas de R$ 70 milhões, em relação ao valor do ano de 2019: R$ 2,56 bilhões.

“Gradativamente, a retomada da economia vai se robustecendo e reaquecendo o varejo”, afirma o presidente da CNC, José Roberto Tadros. Segundo ele, a Páscoa representa a sexta data comemorativa mais relevante do calendário do varejo nacional. “A tendência é que as perdas provocadas pela pandemia sejam revertidas a partir da melhoria do contexto macroeconômico”, aponta Tadros.

Em termos regionais, são esperados avanços das vendas nos principais estados, com destaque para a previsão de alta de 7,9% em Santa Catarina, 7% no Ceará e 6,8% no Espírito Santo. Os maiores volumes de faturamento, no entanto, tendem a se concentrar em São Paulo (com R$ 977 milhões), Minas Gerais (R$ 273 milhões) e Rio de Janeiro (R$ 244 milhões). Juntas, essas três unidades da Federação responderão por 60% do volume financeiro gerado pela Páscoa deste ano.

O levantamento ainda aponta as projeções dos Estados do Rio Grande do Sul (R$ 183,27 milhões), Santa Catarina (R$ 182,55 milhões), Paraná (R$ 170,53 milhões), Bahia (R$ 70,29 milhões), Espírito Santo (R$ 61,23 milhões), Ceará (R$ 58,49 milhões), Pernambuco (R$ 49,11 milhões), Goiás (R$ 44,11 milhões) e Distrito Federal (R$ 30,38 milhões). Somadas todas as outras Unidades da Federação, o volume de vendas deve chegar a R$ 145,93 milhões.

 

Presidente da CNC, José Roberto Tadros: “A retomada da economia vai se robustecendo e reaquecendo o varejo.” (Foto: Facebook/Fecomércio)

 

Preços dos pescados caem, mas chocolate e bacalhau ficam mais salgados

“Um indicativo da expectativa do varejo para essa data costuma ser a importação de produtos típicos”, aponta o economista da CNC responsável pela apuração, Fabio Bentes. De acordo com registros da Secretaria de Comércio Exterior, tabulados pela Confederação, foram importadas 2,76 mil toneladas de chocolates, um avanço de 6,5% em relação ao ano passado, mas ainda abaixo das 3 mil toneladas de 2020. Por outro lado, o bacalhau, produto tipicamente importado nesta época do ano, teve recuo de 32,7% no comparativo com a Páscoa de 2022.

Conforme Bentes, a valorização do real compensou parcialmente a alta nos preços internacionais desses produtos. Às vésperas da Páscoa de 2022, a taxa de câmbio era de R$ 5,25 para US$ 1. Atualmente, houve recuo de quase 2% (R$ 5,15 para US$ 1). No entanto, o preço de importação do bacalhau subiu 85,9% e o dos chocolates, 10,9%.

“A queda nas importações do pescado, na contramão do aumento das quantidades importadas de produtos à base de chocolate, é um indício de que o varejo pode estar apostando na melhor saída de produtos mais baratos”, analisa Fabio Bentes. Ele aponta que a cesta de bens e serviços relacionada à Páscoa (chocolates, pescados diversos, bacalhau, bolo, azeite de oliva, refrigerantes, vinhos e alimentação fora de casa) está 8,1% mais cara do que em 2022 por conta do IPCA-15, que está na casa de 5,5%. Os preços dos bolos e chocolates apresentam uma tendência de alta de 15,9% e 13,9% nos últimos doze meses.

(Leandro Fonseca/Exame)

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