Ministros da Finanças e presidentes de bancos centrais representando mais de 80% do PIB mundial têm encontro de 2 dias
Anfitrião do G20 financeiro que ocorre entre quarta (28) e quinta-feira (29), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu que os países implementem sistemas progressivos de tributação que cobrem de bilionários uma “justa contribuição em impostos”. Em participação virtual, após ser diagnosticado com Covid, Haddad afirmou ainda que a presidência brasileira do grupo assumiu o desafio de fazer um G20 inclusivo, focado na redução das desigualdades, em meio a um cenário com conjuntura global desafiadora.
“Precisamos fazer com que os bilionários do mundo paguem sua justa contribuição em impostos, através da criação de uma tributação mínima global sobre a riqueza”, disse Haddad, na abertura do G20 financeiro em São Paulo.
O ministro da Fazenda brasileiro defendeu a criação de um tributo mínimo sobre grandes fortunas, que, segundo ele, “poderá constituir o terceiro pilar para a cooperação tributária internacional”. “Chegamos a uma situação insustentável em que o 1% mais rico detém 43% dos ativos financeiros mundiais e emitem a mesma quantidade de carbono que os 2/3 mais pobres da humanidade”, enfatizou Haddad.
Ainda assim, ele apresentou aos presentes o pavilhão da Bienal do Ibirapuera e a arquitetura modernista de Oscar Niemeyer, “símbolo de uma visão de mundo otimista voltada para o futuro” onde uma “gerações de brasileiros ousaram imaginar um mundo diferente e um futuro melhor”, dizendo que esse seria o espírito para guiar a reunião.
O ministro ainda reforçou que os temas discutidos durante o evento devem abordar o combate à pobreza e à desigualdade, o financiamento efetivo ao desenvolvimento sustentável, a reforma da governança global, a tributação justa, a cooperação global para transformação ecológica e o problema do endividamento crônico de vários países.
O combate às desigualdades é o tema principal do G20 financeiro reunião de ministros da Finanças e presidentes de bancos centrais – representando mais de 80% do PIB mundial. A questão é destrinchada em subtemas como as implicações da desigualdade para as políticas econômicas a nível global e as políticas que têm sido bem sucedidas para tratar da desigualdade, inclusive da perspectiva de gênero e raça.
Na presidência do grupo este ano, o Brasil apontou como prioridades para as discussões o combate à fome, à pobreza e às desigualdades. A embaixadora Tatiana Rosito, aponta que o objetivo desse encontro é colocar a desigualdade no centro da política econômica. “As desigualdades se encontram no mesmo nível que no início do século 20 com concentração de renda e riqueza para a própria economia. A gente espera que os ministros tenham uma discussão bastante franca que leve em conta o papel da desigualdade, o diferente peso que os países dão na elaboração das suas políticas”, disse Rosito em conversa com a imprensa na manhã desta quarta.
Também na agenda, estão os riscos econômicos, incluindo mudança climática, inflação, tributação de super-ricos e as tensões no Oriente Médio. O Brasil quer também ampliar a influência de países em desenvolvimento em entidades de governança global, como o Banco Mundial e o FMI. Este ano marca a chegada da União Africana como novo membro do G20 e, pela primeira vez houve uma reunião informal na terça-feira, entre as economias emergentes e em desenvolvimento no G20 financeiro. Os encontros em São Paulo acontecem pelo grupo de trabalho Trilha de Finanças, uma parte das atividades da Cúpula do G20, que este ano será no Rio de Janeiro.
Na tarde de quinta-feira, será apresentado um comunicado conjunto do bloco de países, negociado antes do encontro. Entre segunda e terça-feira (26 e 27), representantes e secretários dos ministros de Finanças e dos presidentes de Bancos Centrais fizeram um encontro preparatório no mesmo local, que deu início às negociações. O texto elaborado por eles, será apresentado aos ministros nesta quarta (28).
(Foto: Diogo Zacarias/MF)