New York Times:Trump desmonta ilusões sobre a política externa dos EUA

Uma análise publicada neste sábado (2) pelo The New York Times aponta como Donald Trump e seu vice-presidente, J.D. Vance, estão questionando as ideias convencionais sobre a política externa dos Estados Unidos. De acordo com o artigo, que também pode ser encontrado no portal Observer Network, os dois líderes estão se afastando da retórica tradicional da dominação americana e revelando a vulnerabilidade das alianças ocidentais. O texto menciona um recente confronto entre Trump e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que ocorreu no Salão Oval, como ilustração dessa nova abordagem franca e transparente da administração.

O texto começa mencionando Henry Kissinger, ex-secretário de Estado, que em 2018 declarou que Trump poderia se tornar um líder histórico, capaz deencerrar uma era e obrigar o sistema a descartar suas ilusões”. De acordo com o The New York Times, essa previsão está se tornando realidade, uma vez que Trump está adotando uma postura que desafia décadas de consenso bipartidário sobre a posição dos EUA no cenário global.

 

Desintegração das crenças ocidentais.

O artigo contestou a ideia de que os Estados Unidos ainda conseguem preservar sua status de “principal potência ocidental“, mantendo um sistema global de parcerias sem enfrentar grandes custos. De acordo com o veículo, a verdade é que a pressão geopolítica colocou Washington em uma situação de crise estratégica, demandando concessões e uma repartição das responsabilidades entre os parceiros.

Os Estados Unidos devem compreender que estão inseridos em um mundo multipolar e não têm mais a opção de se comportar como se ainda estivessem na década de 1990, afirma o texto. Ademais, o The New York Times levanta dúvidas sobre a possibilidade de a Europa continuar a ser uma parceira estratégica à altura dos EUA. Com economias estagnadas, queda na população e diminuição de suas capacidades militares, as nações europeias teriam perdido a importância essencial para sustentar tal papel.

O texto também questiona a narrativa comum acerca do conflito na Ucrânia. Conforme a análise, a suposição de que Kiev conseguirá vencer a Rússia com total assistência ocidental desconsidera a realidade militar e política difícil. Sem uma intervenção direta dos Estados Unidos, a possibilidade de triunfo da Ucrânia seria extremamente remota, tornando necessária alguma forma de diálogo com Moscou.

 

Abordagem pragmática e direta

No decorrer do artigo, o The New York Times salienta que democratas e republicanos já estão cientes das restrições da política externa americana, mas identifica Trump como o primeiro presidente a “eliminar totalmente as fantasiasrelacionadas a esse assunto. Contudo, a análise indica que a estratégia do republicano é demasiadamente brusca, carecendo da sutileza necessária para amenizar as repercussões diplomáticas resultantes dessas alterações.

Isso ficou claro no último encontro entre Trump e Zelensky. Depois de escutar o ucraniano se opor a negociações com Vladimir Putin, o vice-presidente J.D. Vance fez uma declaração contundente: “A realidade atual exige que negociemos com adversários em quem não se pode confiar, essa é uma necessidade, não uma opção“.

O texto menciona que presidentes como Dwight Eisenhower e Richard Nixon adotavam uma abordagem realista na política internacional, mas usavam uma retórica idealista para proteger suas alianças e prevenir conflitos diplomáticos desnecessários. Em contraste, Trump elimina essa dimensão diplomática, o que pode provocar desavenças na sua própria administração.

 

O desafio da diplomacia em filtros

O The New York Times afirma que, apesar de Trump e Vance terem razão ao destacar as deficiências da política externa convencional dos EUA, a administração carece de uma liderança que consiga harmonizar uma postura combativa com uma comunicação mais conciliatória. O veículo alerta que a sinceridade excessiva dos dois pode provocar uma crise ainda mais grave ao revelar de forma aberta a vulnerabilidade da posição americana no cenário global.

Para os países aliados da Europa e para a Ucrânia, a mensagem é evidente: os Estados Unidos não estão mais prontos para sustentar acordos sem restrições. A diplomacia americana entrou em um novo estágio — e, independentemente da opinião alheia, Trump está determinado a fazer com que todos vejam isso.  (Foto: Reprodução)

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