Brasil, assim como México e União Europeia, aguarda as atas eleitorais para poder verificar o resultado da reeleição de Maduro na Venezuela. Presidente também comentou o caso da Nicarágua, que expulsou o embaixador brasileiro
Após mais de um mês desde a população da Venezuela ter ido às urnas para eleger um novo chefe de Estado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse não conseguir reconhecer um vencedor da eleição. Em entrevista à Rádio MaisPB nesta sexta-feira (30), da Paraíba, o presidente voltou a dizer que o Brasil aguarda as atas eleitorais e provas para reconhecer a vitória, ou de Nicolás Maduro ou da oposição, nas eleições venezuelanas.
Para Lula, os dois lados alegam ter vencido o pleito, mas não conseguem provar o resultado. “Eu tomei cuidado, muito cuidado, de reunir o México e a Colômbia para a gente tomar uma decisão conjunta. O presidente do México resolveu não assinar porque ele está a apenas 15 dias de deixar a Presidência. Então ficamos eu e [Gustavo] Petro [presidente da Colômbia]. O que nós estamos exigindo? A Venezuela tem um Comitê Nacional Eleitoral, que tinha três pessoas do governo e duas da oposição. Era esse colégio que tinha que dar um parecer sobre as atas. Acontece que o presidente Maduro não ouviu esse colégio e passou direto para a Suprema Corte. Eu não estou questionando a Suprema Corte. Eu apenas acho que deveria passar pelo colégio eleitoral, que foi criado para este fim. Então eu não aceito nem a vitória dele [Maduro] e nem a da oposição. A oposição fala que ganhou, ele fala que ganhou, mas você não tem prova. Então o que nós estamos exigindo é a prova”, disse Lula.
O presidente, que tem sido alvo de críticas de Maduro por não reconhecer sua reeleição, afirmou que o venezuelano “tem o direito de não gostar” da posição brasileira. “O Maduro cuide de lá, arque com as consequências do gesto dele, e eu arco com as consequências dos meus gestos. Agora, eu tenho consciência política de que eu tentei ajudar muito”.
Nicarágua
Sobre a Nicarágua, que recentemente expulsou o embaixador brasileiro do país e teve como resposta a expulsão de sua embaixadora do Brasil, Lula comentou: “o Daniel Ortega enveredou por um caminho já há muito tempo. Eu fui a Roma, o papa pediu para eu conversar com o Daniel Ortega para liberar o bispo que estava preso. Eu liguei para o Ortega e ele inventou mil desculpas para não me atender. Então eu parei de ligar. Quando foi agora, o nosso embaixador lá não participou do evento da comemoração do dia 19 de julho, que é o dia da Revolução Sandinista – que eu fui participar em 1980. O embaixador não foi. Ele [Ortega] então pediu para o nosso embaixador sair de lá. Então o que eu fiz? Mandei a embaixadora dele embora também. Agora, no 7 de setembro, a gente convida todos os embaixadores. Você acha que se o embaixador não for eu vou mandar o embaixador embora do Brasil? Ele não é obrigado a ir. Ele vai se ele quiser, se tiver vontade de ir. Então esse comportamento eu não aceito. Esse país é muito grande, o Brasil não tem contencioso com ninguém, não quer contencioso com ninguém e quem quiser contencioso com o Brasil não vai ter, porque eu quero cuidar do Brasil”.
(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)