Começa nesta segunda-feira, 16, em Bonn, na Alemanha, a Conferência do Clima da ONU, com a missão de destravar avanços em três eixos centrais rumo à COP30, marcada para novembro, em Belém.
Os principais pontos em negociação são: a definição de indicadores claros para medir os esforços de adaptação às mudanças climáticas, os caminhos para uma transição justa rumo a uma economia de baixo carbono, e a implementação do Balanço Global do Acordo de Paris (Global Stocktake – GST), que avalia o progresso das metas climáticas assumidas pelos países.
O Brasil quer que esses pontos avancem em Bonn, evitando que o acúmulo de temas comprometa a eficácia da COP30. “Estamos sugerindo que se tente acordo ou consenso sobre eles ainda em Bonn”, afirmou a negociadora-chefe do Brasil, embaixadora Liliam Chagas, em maio.
São esperados 5 mil participantes em Bonn, incluindo delegações governamentais e representantes da sociedade civil. Esta etapa intermediária do processo climático da ONU busca pavimentar o terreno para as decisões que deverão ser adotadas em Belém, quando o Brasil sediará, pela primeira vez, uma cúpula global do clima.
Resultados robustos para a COP-30
Presidentes dos órgãos subsidiários da UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), os embaixadores Harry Vreuls (do SBI, Órgão Subsidiário de Implementação) e Tosi Mpanu Mpanu (do SBSTA, Órgão Subsidiário de Assessoramento Científico e Tecnológico) se comprometeram a apoiar os países no avanço técnico necessário para preparar resultados robustos para a COP30 em Belém.
Como 2025 marca o 10º aniversário da adoção do Acordo de Paris, a conferência é uma oportunidade para reafirmar o papel do multilateralismo e da cooperação internacional no enfrentamento de questões globais.
Neste ano, a expectativa é ainda maior: a presidência da COP30 cobrou resultados concretos e ação imediata dos países-membros em uma carta de 23 de maio. “É hora de concentrar as negociações em restabelecer e aprimorar nosso processo, reconstruindo uma infraestrutura global de confiança para acelerar e ampliar os resultados. A credibilidade do processo multilateral está nas mãos dos negociadores em Bonn”, escreveu o embaixador André Corrêa do Lago, presidente designado da COP30.
Para ele, a reunião em Bonn não pode ser desperdiçada com procrastinação, mas deve ser um momento de alinhamento técnico e político em torno de temas considerados maduros, mas ainda pendentes desde a COP29, em Baku.
Ações concretas seguem tímidas
A Presidência da COP30 pede que os negociadores “mudem o tom” e evitem confrontos classificados como de “soma zero”. Historicamente as COPs têm sido marcadas por dificuldades de obter consenso em temas centrais, como uma postura taxativa em relação aos combustíveis fósseis.
Apesar de compromissos assumidos na COP28, como a transição energética rumo ao fim dos combustíveis fósseis, as ações concretas seguem tímidas. Apenas 22 países atualizaram suas metas climáticas (NDCs) em 2024, número muito abaixo do esperado. China, União Europeia e Índia, grandes emissores, ainda não apresentaram seus planos para 2035.
Para especialistas, sem esse alinhamento, será difícil manter a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C. Um relatório recente da OMM (Organização Meteorológica Mundial) apontou 87% de probabilidade de que esse limite seja ultrapassado entre agora e 2029.
Outro entrave é o financiamento climático. Em Bonn, a expectativa é que os países desenvolvidos avancem na criação de mecanismos que garantam apoio financeiro justo e sem gerar novas dívidas aos países mais afetados, como os pequenos Estados insulares, que podem sofrer perdas de até US$ 56 bilhões até 2050.
“Estamos determinados a promover um trabalho substantivo durante essas sessões e estabelecer uma base sólida para resultados bem-sucedidos em Belém. Instamos todas as Partes a abordarem essas negociações com um espírito de cooperação e um compromisso genuíno com o progresso”, afirmaram Vreuls e Mpanu Mpanu.
Na imagem destacada, geleira na Groenlândia com sinais de retração devido ao aumento das temperaturas globais (Foto: Olivier Morin )
Por Opinião em Pauta com informações da jornalista Patrícia Junqueira, do site Ecoa UOL