O Flamengo foi ao Marrocos sonhando com o bicampeonato mundial, mas acabou eliminado pelo Al Hilal, da Arábia Saudita, na semifinal do Mundial de Clubes ao perder por 3 a 2 nesta terça-feira, em Tânger.
O fracasso vai além da atuação ruim do time de Vítor Pereira e passa pelo planejamento conturbado do departamento de futebol.
Alguns pontos que podem explicar a vergonhosa participação do clube no Mundial organizado pela Fifa.
Pré-temporada confusa
Com a última rodada do Campeonato Brasileiro em 12 de novembro, o elenco principal do Flamengo só retornou aos treinos no Ninho do Urubu no dia 26 de dezembro. Os jogadores ainda solicitaram que a reapresentação fosse no dia 2 de janeiro, o que não foi aceito pelo departamento de futebol. Assim, o elenco iniciou os trabalhos no CT sem a presença de Vítor Pereira, que, por ter contrato com o Corinthians até o dia 31 de dezembro, só pôde se apresentar ao Flamengo em 2 de janeiro.
Entre a reapresentação do grupo principal e a estreia do Mundial de Clubes, apenas 43 dias
Mudança de treinador
A mudança no comando técnico fez com que o Flamengo chegasse ao Mundial com apenas cinco jogos sob o comando de Vítor Pereira, sendo quatro partidas pelo Campeonato Carioca, no qual o nível de exigência foi bem menor do que o esperado no Mundial de Clubes – como esperado. O único teste da equipe, de fato, foi contra o Palmeiras, na Supercopa do Brasil, uma semana antes.
O cenário já era conhecido pelo clube e pelo treinador quando assinaram o vínculo. Assim, o Flamengo optou por interromper um trabalho consolidado de Dorival Júnior e iniciar um novo – o qual as partes também sabiam que o tempo seria necessário para adaptação e ajustes do técnico.
Nervosismo geral
Erros de planejamento à parte, o time do Flamengo demonstrou nervosismo desde o apito inicial. O lado emocional pesou, com os jogadores reclamando em excesso, talvez pelo jogo não ter o andamento esperado, e cometendo erros simples como o de Matheuzinho, que cometeu pênalti infantil. Thiago Maia, Gerson, Erick Pulgar… Não foram poucos os destaques negativos na semifinal.
Desencaixe generalizado
Além da questão emocional destacada acima, o Flamengo não mostrou qualquer encaixe em comparação ao segundo semestre de 2022. O quarteto ofensivo pouco produziu, as laterais estiveram expostas e, somados aos erros individuais, a equipe ofereceu às chances ao adversário.
As dificuldades físicas de alguns jogadores também estavam claras, como no caso de Arrascaeta. Na parte tática, Vítor Pereira ainda não encontrou uma solução para equilibrar o time com Gerson e Thiago Maia na proteção à zaga desde a saída de João Gomes, volante titular na última temporada.
Falta de soluções táticas
A substituição de João Gomes não foi o único desafio sem solução para Vítor Pereira neste início de trabalho. Com a saída de Rodinei, a disputa na lateral direita segue aberta, com Matheuzinho sendo o escolhido para enfrentar o Al Hilal e falhando aos dois minutos da etapa inicial. Do outro lado, vale destacar que Ayrton Lucas teve bom desempenho, um dos únicos da equipe a se salvar.
Com Arrascaeta ainda longe dos 100%, o Flamengo segue sem um substituto no meio de campo. Entre as opções, estavam Matheus França, Vidal e Erick Pulgar – sendo o último escolhido para proteger a defesa no lugar do camisa 14 após a expulsão de Gerson, no fim do primeiro tempo. (Foto Fadel Senna / AFP)