Por Henrique Acker – Uma multidão calculada em 130 mil pessoas concentrou-se no dia 9 de novembro, no Centro de Valência, para pedir a demissão do presidente da Comunidade, Carlos Mazón, do Partido Popular (direita). Entre as palavras de ordem, as mais ouvidas foram “Mazón, demissão!” e “Nós manchados de lama, vocês manchados de sangue”.
A agência meteorológica espanhola, Aemet, emitiu um alerta vermelho para o mau-tempo às 7h30 da manhã de 29 de outubro, dia da tempestade DANA, na iminência de uma catástrofe. Alguns municípios já estavam inundados às 18:00, mas a administração de Mazón esperou até às 20:00 para enviar alerta para os celulares da população valenciana.
Carlos Mazón só chegou às 19 horas ao Centro de Coordenação de Emergências da região (CECOPI), onde os especialistas tiveram de o atualizar sobre a situação de calamidade provocada pela DANA.
A terceira vice-presidente do governo, Teresa Ribera, disse em entrevista que no dia da tempestade estava em Bruxelas e que telefonou quatro vezes a Mazón para se informar da situação. Segundo Ribera, o presidente da Comunidade só lhe respondeu depois das 20h, dizendo que “estava tudo bem”, que “as coisas haviam se precipitado”, mas que naquele momento não podia falar.
Mazón defendeu suas ações. Ele afirma que seus funcionários não receberam aviso suficiente do governo central e que a escala do desastre era imprevisível.
Governo “incompetente” e “incapaz”
Convocada por organizações sociais e cívicas e sindicatos, sob o lema “Mazón, demita-se”, a marcha partiu às 18:00 da praça da Câmara Municipal de Valência e terminou em frente ao Palau de la Generalitat, onde foi lido um manifesto que incluía as reivindicações de 65 organizações.
Porta-vozes do movimento pediram também a apuração das responsabilidades pelas “consequências evitáveis da catástrofe”, bem como a demissão de um governo valenciano “incompetente e que se revelou incapaz de estar à altura das circunstâncias”.
Durante a manifestação, grupos de jovens atiraram lama e quebraram vidraças de prédios públicos. A polícia informou que três pessoas foram detidas e 31 policiais ficaram feridos.
Até agora, foram confirmadas as mortes de 222 pessoas nas inundações de 29 de outubro e ainda há 41 pessoas desaparecidas. O balanço mais recente dá conta da perda de 77 mil imóveis, entre casas, prédios de apartamentos e empresas, além de 100 mil veículos.
O governo espanhol declarou “zona de catástrofe” a região de Valência e aprovou um primeiro pacote de 10.600 milhões de euros em ajudas à população afetada e empresas atingidas pelas inundações.
Por Henrique Acker (correspondente internacional)
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