Mulheres recebem 20% a menos que homens no Brasil

Em 2024, as brasileiras ganharam, em média, 20,9% a menos do que os homens em mais de 53 mil empresas com 100 ou mais colaboradores que foram investigadas.

A disparidade nos salários permaneceu quase inalterada em comparação a 2023, ano em que se constatou que as mulheres tinham uma renda 20,7% inferior à dos homens. Em 2022, essa diferença era de 19,4%.

De acordo com o 3º Relatório de Transparência Salarial e Igualdade Salarial, a remuneração média dos homens é de R$ 4.745,53, ao passo que as mulheres recebem em média R$ 3.755,01. No caso das mulheres negras, o salário médio é de R$ 2.864,39.

O relatório foi apresentado nesta segunda-feira (7) pelos ministérios da Mulher e do Trabalho e Emprego (MTE). No total, foram examinados 19 milhões de postos de trabalho, um milhão a mais em comparação com o estudo de 2023.

No que diz respeito às mulheres negras, o salário médio é 52,5% inferior ao dos homens não negros. Em 2023, essas mulheres recebiam 49,7% a menos do que seus colegas masculinos não negros.

Alta gestão

Em posições de alta administração, como diretoras e gerentes, a disparidade salarial é ainda mais acentuada, com as mulheres ganhando 26,8% a menos que os homens. Quando analisadas as mulheres com educação superior, a discrepância em relação aos homens com a mesma formação é ainda mais significativa, com as mulheres diplomadas recebendo 31,5% a menos.

A ministra da Mulher, Cida Gonçalves, afirmou que a disparidade entre os gêneros continua a existir devido à necessidade de implementar transformações estruturais na sociedade.

A ministra afirmou que, desde a responsabilidade das mulheres pelo trabalho de cuidado até a atitude das empresas, é fundamental que elas reconheçam que seu sucesso está ligado à maior presença feminina em suas equipes e à oferta de salários mais altos.”.

Os estados do Acre, Santa Catarina, Paraná, Amapá, São Paulo e o Distrito Federal apresentaram as menores diferenças salariais.

 

Mais mulheres

Os órgãos ministeriais que participaram do estudo ressaltaram de forma favorável a diminuição no total de companhias que empregam menos de 10% de mulheres negras, passando de 21,6 mil para 20,4 mil.

“Observou-se um aumento na presença de mulheres negras no cenário profissional. O total que era de 3,2 milhões subiu para 3,8 milhões. Além disso, é encorajador notar que aumentou a quantidade de empresas onde a disparidade salarial entre mulheres e homens é de até 5% nos salários médios e medianos“, informaram os ministérios.

Desigualdade

Entre 2015 e 2024, a proporção da massa dos salários obtidos pelas mulheres no mercado de trabalho passou de 35,7% para 37,4%, de acordo com informações do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

A subsecretária de Estatísticas do Trabalho do MTE, Paula Montagner, comentou que, embora haja um aumento na presença feminina no mercado de trabalho, os salários das mulheres permaneceram constantes de 2015 a 2024.

“Essa estabilidade parcial é resultado dos salários mais baixos das mulheres, que sua participação no mercado de trabalho vem aumentando”, declarou.

A quantidade de mulheres no mercado de trabalho subiu de 38,8 milhões em 2015 para 44,8 milhões em 2024, resultando em um acréscimo superior a 6 milhões de postos de trabalho preenchidos por mulheres. No mesmo intervalo, o número de homens empregados aumentou em 5,5 milhões, totalizando 53,5 milhões no ano anterior.

Se as mulheres recebessem os mesmos salários que os homens para as mesmas funções, a economia teria recebido R$ 95 bilhões em 2024, conforme indicado pelo relatório.  (Foto: CNI/Miguel Ângelo/Direitos reservados)

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