MST rejeita indicado de Lira e ocupa sede do Incra-AL

Apesar da exoneração do primo de Lira pelo governo, movimento alega que novo indicado para o Incra em Alagoas, Junior Rodrigues do Nascimento,  é do mesmo clã do presidente da Câmara e “representa a continuidade da gestão bolsonarista”

 

Integrantes do Movimento dos Sem Terra ocuparam nesta segunda-feira (29) a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Alagoas, contra a nomeação de Junior Rodrigues do Nascimento para a superintendência do órgão no estado. Ele foi indicado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). O movimento rejeita e considera uma “continuidade do Bolsonarismo”. Ele é membro da ‘Naturagro’, entidade que afirma representar beneficiários do programa de reforma agrária não alinhados ao movimento.

“A nomeação de Junior acende mais uma luz amarela na condução da política agrária em Alagoas que tem sua cadeira rifada aos interesses individuais em virtude das necessidades coletivas das comunidades e organizações camponesas no estado”, diz o movimento.

Nascimento foi nomeado no lugar de Wilson César de Lira Santos, primo do presidente da Câmara, exonerado no último dia 16. Sua demissão era uma demanda do movimento social desde o ano passado e a exoneração por parte do governo gerou mais atrito na relação já conflituosa entre o governo federal e Lira.

Crise com Lira

Desde o início do governo Lula, os movimentos de luta pela terra em Alagoas exigem a exoneração de Lira e a indicação de um novo superintendente que corresponda às expectativas de luta agrária no estado marcado pela concentração de terra. Durante sua gestão, Cesar Lira teve problemas de relacionamento com movimentos sociais, como o MST. O Incra é fundamental para o diálogo entre o governo e os movimentos sociais ligados à Reforma Agrária.

O novo nome também foi uma indicação de Lira, que tem pautado uma agenda anti-MST na Câmara dos Deputados. No último dia 17, o presidente da casa conseguiu a aprovação de um requerimento de urgência para o projeto de lei 895/23, que criminaliza invasões e ocupações de terras do movimento.

A medida foi vista como uma resposta à exoneração de seu primo para o cargo. Agora, o governo terá de se equilibrar entre encontrar um caminho do meio entre o movimento social em Alagoas e Arthur Lira, o que não parece uma missão fácil.

A indicação das organizações, intelectuais e instituições de ensino é de que o servidor de carreira do órgão, José Ubiratan, possa assumir a superintendência do INCRA.  Uma carta pública, lançada pelas Universidades Federal e Estadual, além do Instituto Federal, pautam a defesa de José Ubiratan, conhecido como Bira, e já conta com dezenas de apoiadores e apoiadoras em todo o país.

(Foto: Reprodução)

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