O político é acusado de desacato por ter faltado a três convocações de depoimento
O Ministério Público da Venezuela solicitou nesta segunda-feira (2) que a Justiça emita um mandado de prisão contra Edmundo González Urrutia, candidato que disputou a presidência do país contra Nicolás Maduro. O procurador venezuelano Luiz Ernesto Reyes alega no seu pedido “supostos” crimes como usurpação de funções, forjamento de documento público, incitação à desobediência às leis, conspiração, sabotagem de sistemas e associação ao terrorismo.
O documento foi encaminhado a um juiz de primeira instância com a competência sobre casos relacionados ao terrorismo. “Sem mais referências, se despede de você o Fiscal Luiz Ernesto Dueñez Reyes”, diz o documento.
González foi chamado a depor sobre o site em que a oposição divulgou resultados detalhados que comprovariam a vitória de seu representante. Segundo o regime, se trata de “falsificações”. A terceira convocação para depor ocorreu na última sexta, e González novamente não compareceu. O MP já havia ameaçado o adversário de Maduro com prisão.
Acusações
A investigação contra Edmundo González envolve a publicação de um site no qual a plataforma anti-chavismo denunciou a fraude eleitoral cometida pelo regime. Os opositores disseram ter obtido acesso a 25 mil das 30 mil atas de votação emitidas no pleito de 28 de julho, com base nas quais o diplomata de 74 anos derrotou Maduro por 67% dos votos a 31%.
Já o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), cooptado pelo chavismo, disse que o líder bolivariano venceu com 51% dos votos. Mas não apresentou as atas para provar o dado, após denunciar um conveniente “ciberataque” contra o sistema de urnas eletrônicas, que teria sido orquestrado pela oposição em conluio com Elon Musk, dono do X, antigo Twitter.
Agora, a Procuradoria-Geral acusou González de “suposta prática dos crimes de usurpação de funções e falsificação de documentos públicos” com a divulgação das atas eleitorais “falsas”. Na quarta-feira (28), o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, explicou que a jurisprudência do país permite que uma pessoa seja convocada até três vezes.
O gabinete do promotor público Tarek William Saab publicou uma carta nas mídias sociais que havia enviado a um juiz de “terrorismo”, solicitando um mandado para acusações relacionadas à insistência da oposição de que Maduro e seus aliados roubaram a eleição.
“Vamos enviar a terceira intimação, conforme a jurisprudência da Câmara Criminal, que prevê até três delas para que uma pessoa, neste caso o investigado, preste depoimento sobre um processo em andamento. Essa situação também está associada à desobediência às leis”, afirmou ele a repórteres.
(Foto: Reprodução/Redes Sociais)