Moro, consciente da gravidade das denúncias: “Se cometi crime, está prescrito.”

O senador Sergio Moro negou na manhã desta quinta-feira (5) irregularidades em investigações que envolveram o delator Tony Garcia, que teria recebido do ex-juiz uma lista com 30 missões para executar em troca de um acordo de colaboração. Entre as missões, constam pedidos de grampos que envolvem deputados e magistrados. À época, Moro era juiz de primeira instância e não tinha jurisdição sobre autoridades com foro privilegiado.

Tentando jogar panos quentes no escândalo que chegou ao Supremo Tribunal Federal na semana passada, Moro afirmou que se cometeu crime, a punição já estaria prescrita, pois são fatos de mais de 20 anos atrás.

“Se tiver gravação contra autoridades que eu tenha autorizado, eu renuncio ao meu mandato de senador”, provocou Moro. E acrescentou: “São fatos de 20 anos atrás. Se eu tiver cometido crime, está prescrito.”

A declaração de Moro, em resposta às revelações de Tony Garcia levadas ao STF, foi concedida à jornalista Daniela Lima, da GloboNews.

Tony Garcia, empresário e ex-parlamentar paranaense, alega que foi usado como espião informal por Moro em investigações para pegar advogados, magistrados e deputados, a partir de 2004.

Tony Garcia afirmou que um dos alvos de Moro pode ter sido o ministro Felix Fischer, do Supremo Tribunal de Justiça, que referendou as ações da Lava Jato naquela corte.

Tony teria gravado uma conversa na qual seu antigo advogado, Roberto Bertholdo, disse que usou parte de R$ 600 mil recebidos pelo cliente para comprar uma sentença de Fischer por meio do escritório de advocacia de seu filho.

Sobre a acusação, Moro disse à GloboNews que Tony Garcia é um “estelionatário sem credibilidade” que jamais foi incitado ou conseguiu por conta própria juntar elementos sólidos que comprovassem a participação de ministros, desembargadores ou juízes em esquema de venda de sentenças.

Moro diz que seu trabalho foi combater “exploração de prestígio”, investigando, condenando e prendendo os advogados que “vendiam ministros do STJ” sem conhecimento dos mesmos.

O ex-juiz também disse que, à época dos fatos, a jurisprudência não obrigava Moro a remeter processos para tribunais superior por causa da mera menção de autoridades com foro. Ele também sustentou que 20 anos atrás, a lei entendia que gravações de conversas, quando de conhecimento de um dos interlocutores, dispensava autorização judicial.

Por fim, o hoje senador se disse “vítima de perseguição política estimulada pelo governo Lula”, em referência ao fato de que a Polícia Federal transcreveu uma ligação gravada entre Moro e Tony Garcia, na qual o então juiz combinava os termos da condenação do réu. Moro disse que não se lembra de falar com Tony ao telefone, mas se falou, “não disse nada impróprio”.

Moro também reclamou da investigação instaurada contra ele a mando do Conselho Nacional de Justiça, para apurar a devolução irregular de R$ 2 bilhões à Petrobras, nos autos da Lava Jato. (Foto: Reprodução)

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