Ex-assessor no TSE é o principal suspeito. Ele, no entanto, aponta para a polícia de Tarcísio Gomes de Freitas, que apreendeu seu celular e teria devolvido de maneira suspeita
Integrantes do gabinete de Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF) suspeitam que as mensagens trocadas entre os assessores do ministro teriam sido vazadas a Folha de São Paulo e para o jornalista Glenn Greenwald, coautor da série de reportagens, por Eduardo Tagliaferro, perito e ex-chefe do setor de combate à desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Segundo a coluna da jornalista Bela Megale desta terça-feira (20) no jornal O Globo, a leitura de auxiliares de Moraes é que o vazamento do conteúdo do celular de Tagliaferro teria sido uma reação à sua demissão sumária, que ocorreu após ele ter sido preso em flagrante, em São Paulo, por violência doméstica, com disparo de arma de fogo, no dia 8 de maio de 2023 em Caieiras, região metropolitana de São Paulo. Ele foi exonerado, sem ter qualquer chance de tentar se justificar, diante da gravidade da denúncia.
O celular dele também ficou 6 dias sob a responsabilidade da polícia de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos). No dia 9 de maio, um dia após a prisão, Tagliaferro foi exonerado por Moraes “devido sua prisão em flagrante por violência doméstica e aguardará a rigorosa apuração dos fatos”. Contrariado, Tagliaferro argumentou à polícia “que jamais colocaria a integridade da família em risco” e que o disparo da arma durante a agressão à esposa teria sido acidental. E nunca retornou à assessoria do TSE.
Ao jornal O Globo, Tagliaferro levantou suspeitas sobre o governo Tarcísio dizendo que “conforme consta em documentos oficiais, seu aparelho celular foi indevidamente apreendido, ficou em posse da Polícia Civil por seis dias e, quando devolvido, ele não acompanhou a dita deslacração do telefone”.
Segundo o ex-assessor de Moraes outro fato importante, ainda desconhecido, é que seu celular foi apreendido em uma delegacia e devolvido em outra. Ele afirmou ainda que “conforme vem sendo dito pelo excelentíssimo ministro Alexandre e desembargadores com quem trabalhou, não se preocupa com o teor das mensagens que eventualmente tenham sido obtidas de seu telefone”.
Nas reportagens, Glenn e a Folha afirmam que os 6 gigabites que teriam em mensagens trocadas pelos assessores de Moraes não são frutos de “hackeamento”, mas foram entregues ao jornal por uma “fonte”.
(Foto: REUTERS/Adriano Machado)