Moeda argentina desaba e Milei pode virar alvo de investigação

O presidente da Argentina, Javier Milei, surpreendeu o mundo das criptomoedas na noite de sexta-feira ao citar, em uma publicação no X (ex-Twitter), o projeto de lançamento do token $LIBRA. Com a postagem, o token registrou imediatamente um aumento exponencial em seu preço, mas, em seguida, entrou em colapso. Com a publicação, Milei pode entrar na mira de uma investigação do Congresso.

“A Argentina liberal está crescendo!!! Este projeto privado será dedicado a incentivar o crescimento da economia argentina por meio do financiamento de pequenas empresas e startups argentinas. O mundo quer investir na Argentina. $LIBRA”, postou Milei, junto com um link para o projeto no qual o token é promovido, o “Viva La Libertad Project”.

Uma hora após o lançamento, no entanto, houve a retirada de quase US$ 90 milhões de poucas carteiras digitais, que concentravam 82% do total em circulação, fazendo o valor do $LIBRA despencar.

À meia-noite, o presidente argentino decidiu apagar a publicação e postar uma nova mensagem explicando o ocorrido.

“Há algumas horas, publiquei um tuíte, como tantos outros incontáveis, apoiando uma suposta empresa privada com a qual, obviamente, não tenho qualquer ligação. Eu não estava ciente dos detalhes do projeto e, depois de tomar conhecimento, decidi não continuar a divulgá-lo (por isso apaguei o tuíte)”, disse ele.

A Libra é, na verdade, uma moeda meme, definida por não ter base na economia real. Segundo o jornal argentino La Nación, 80% da moeda em circulação está concentrada em cinco carteiras.

A empresa responsável pela Libra esclareceu que Milei “não estava e não está envolvido de forma alguma no desenvolvimento do projeto, que é absolutamente privado”.

“Hoje foi o lançamento do projeto Viva la Libertad, e a moeda $LIBRA foi um sucesso. Queremos agradecer a todos pela confiança e apoio”, afirmou a empresa.

 

Oposição vai pedir investigação

Diante da publicação de Milei, os deputados da Coalizão Cívica decidiram pedir ao Congresso a criação de uma comissão para investigar o caso e determinar se o presidente cometeu uma conduta passível de sanção ao promover um token que, em poucas horas, causou prejuízos no mercado de criptomoedas.

Neste sábado, deputados da oposição trocaram mensagens para alinhar posições sobre uma possível proposta. A posição da Coalizão Cívica coincidiu com a de outros legisladores.

“É preciso ter em mente que o presidente pode ter violado a Lei de Ética Pública, sendo também aplicáveis o artigo 265 do Código Penal e o artigo 19 da Lei de Entidades Financeiras”, argumentou o deputado Maximiliano Ferraro, em entrevista ao La Nación, ao justificar a criação de uma comissão investigativa.

“Em caso de possível cometimento de crimes relacionados à promoção de uma criptomoeda pelo presidente, o bloco Democracia para Sempre insistirá na criação de uma Comissão Investigativa no Congresso Nacional”, escreveu o deputado Pablo Juliano.

Por sua vez, o deputado Esteban Paulón, do Partido Socialista, apresentou um projeto de resolução para que o chefe do Gabinete, Guillermo Francos, preste esclarecimentos ao Congresso.

“Ser presidente não é brincar de ser um usuário do Twitter; governar não é brincadeira, e o país não é um antro de jogos de azar”, acrescentou a senadora Guadalupe Tagliaferri, do PRO.  (Foto: El Clarin)

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