Nem mesmo Miriam Leitão, subordinada aos anseios neoliberais do clã Marinho no grupo Globo, caiu no conto da carochinha dos agentes financeiros que promovem um ataque especulativo sem precedentes – e sem motivo – contra a economia brasileira visando um golpe no governo Lula.
Em artigo no jornal O Globo nesta quinta-feira (19), a colunista desmascara a canalhice de outros analistas financeiros que buscam creditar a dados da economia ante a projeções do mercado para justificar a injustificável fuga de capitais dos especuladores, que elevou o dólar ao patamar de R$ 6,30 pela manhã.
“Em geral, como tenho escrito aqui, não há razões concretas para tanta deterioração de expectativas. Não é uma crise fiscal em si, baseada em números. Basta comparar o que o mercado esperava dos indicadores fiscais e de dívida pública no começo e no fim dos dois últimos anos”, inicia a colunista.
Miriam, então, compara as projeções feitas pelo simbólico número de 171 analistas do sistema financeiro no boletim Focus, do Banco Central, no início do ano e atualmente.
“O ponto é que não houve uma piora em relação ao que o mercado esperava, quando mantinha outro patamar de preços dos ativos”, afirma, esmiuçando os dados.
“No Boletim Focus de 5 de janeiro, a previsão era de um déficit primário de 0,8% do PIB, e uma dívida líquida, descontadas as reservas cambiais, de 64,25%, com uma alta do PIB de 1,6%. Naquele tempo, achava-se que a Selic fecharia o ano em 9%. No Focus do último dia 13, a previsão mediana do PIB foi para 3,42%, a dívida líquida para 63% e o déficit primário para 0,5%. Ou seja, as expectativas para a dívida e o déficit estão menores. E, para o PIB, maiores”, emenda a analista da Globo.
Miriam então denuncia que foi justamente a política de aumento na taxa Selic, capitaneada pelo bolsonarista Roberto Campos Neto, quem determinou o aumento da dívida pública.
“A dívida bruta do governo geral, incluindo INSS, governos estaduais e municipais, pela medida do Banco Central, está em 78,6%. Cresce também quanto mais os juros sobem, não apenas pelo déficit público”, revela.
Sobre o Banco Central, a jornalista diz que o governo “errou” ao apostar em uma mudança na sucessão de Campos Neto.
“Foi um erro também, hoje já reconhecido internamente no governo, apresentar as medidas fiscais junto com a isenção da renda até R$ 5 mil. Mas o que está pegando mesmo é o temor no mercado de que essa conta seja coberta por cobrança em dividendos, atualmente isentos, ou em papéis que hoje não pagam imposto”, diz Miriam, explicando a fúria dos agentes financeiros contra o governo, que quer taxar menos o trabalhador e mais os especuladores.
“Mas isso é ruim? Não. Cobrar mais de quem paga menos é o correto. Uma reforma da renda tem que passar por tributação de dividendos e cobrança de impostos de setores mal tributados ou com isenções e deduções imerecidas. Do contrário, o Brasil continuará sendo um dos países mais desiguais do planeta”, conclui a jornalista. (Foto: Instagram Miriam Leitão)