Ministro nega perseguição política da Polícia Federal a Bolsonaro

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, rebateu nesta terça-feira (3) declarações de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro a respeito de uma suposta “perseguição” e direcionamento de ações da Polícia Federal (PF) contra opositores do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Lewandowski classificou como “bastante graves” as suposições feitas pelos senadores Jorge Seif (PL-SC) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que afirmaram que a PF tem investigado e indiciado aliados de Bolsonaro a fim de atingir o ex-presidente. Em uma das falas dos senadores, ocorridas durante audiência da Comissão de Segurança Pública do Senado, houve menção a uma suposta interferência de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) no funcionamento da Polícia Federal. No entanto, os parlamentares não mencionaram explicitamente quem seria o magistrado.

Segundo a PF, eventos em Brasília evidenciaram atuação coordenada para golpe de Estado. Ricardo Lewandowski rechaçou as declarações e afirmou que a PF é uma instituição “republicana” e de “excelência”. “É uma corporação independente, que não é de governo, é de Estado”, disse o ministro, que participava de audiência no colegiado do Senado acompanhado dos diretores-gerais da PF e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Segundo ele, os inquéritos desenvolvidos pela Polícia Federal são baseados em critérios técnicos e sem qualquer “viés político”.

“É uma instituição que trabalha totalmente de forma independente, autônoma, sem nenhuma ingerência. E, se não tem ingerência do ministro, obviamente menor ainda a ingerência de outros ministérios e do próprio presidente da República. Posso assegurar isto. E, como ex-ministro do Supremo e juiz há 34 anos, jamais admitiria um direcionamento da Polícia Federal”, afirmou.

No último dia 21, a Polícia Federal concluiu uma investigação que apurava uma suposta tentativa de golpe de Estado no final de 2022. A corporação indiciou Bolsonaro e outros 36 nomes — decisão questionada por aliados do ex-presidente.

O relatório foi encaminhado ao ministro do STF Alexandre de Moraes, que é relator na Corte de investigação. Moraes remeteu as conclusões à Procuradoria-Geral da República (PGR), a quem caberá denunciar — ou não — os investigados. Bolsonaro também é alvo de outras investigações e de indiciamentos da PF, como o caso das joias sauditas e da fraude em cartões de vacinação.

Filho do ex-presidente e defensor de uma anistia aos extremistas que depredaram as sedes dos Três Poderes em 2023, o senador Flávio Bolsonaro afirmou — sem apresentar qualquer prova — que a Polícia Federal tem utilizado o “aparato público para perseguição política”. Ele ainda declarou que um “pequeno grupo” da corporação foi “escolhido a dedo por um ministro do Supremo” para “perseguir não só Bolsonaro, mas parlamentares que fazem oposição ao atual governo”.

O ministro da Justiça, a quem a Polícia Federal está subordinada, disse ter “plena confiança” no trabalho realizado pelo órgão. (Foto: ABr)

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