Suposta sala secreta utilizada pela Abin foi encontrada pelo ministro pouco após assumir o comando do MEC, em janeiro do ano passado
O ministro Camilo Santana (PT) encontrou uma sala secreta no prédio do Ministério da Educação (MEC) que seria usada pela chamada “Abin paralela”, estrutura comandada pelo ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência, Alexandre Ramagem, para monitor supostos adversários e inimigos de Jair Bolsonaro (PL). Segundo informações de Igor Gadelha, no site Metrópoles, a sala secreta foi identificada pouco depois que ele assumiu o comando da pasta, em janeiro de 2023, e está localizada ao lado do gabinete do ministro, no oitavo andar do prédio do MEC, em Brasília.
“A aliados, o ministro de Lula contou ter sido informado por funcionários do MEC que, durante o governo Bolsonaro, a sala supostamente abrigava servidores da Abin”, destaca a reportagem. Ao ser questionada pela reportagem sobre a existência da sala, a Abin não se manifestou, mas fontes extraoficiais ligadas à agência alegam desconhecer a existência da sala em questão.
Ainda segundo a reportagem, uma fonte teria relatado que desde 2019, primeiro ano da gestão Bolsonaro, não há registros de servidores do órgão cedidos para o MEC. A investigação da PF mostra que além do software espião israelense FirsMile, a “Abin paralela” usava microfones direcionais, câmeras escondidas, malwares (softwares que invadem computadores) e até drones para levantar informações para o ex-presidente.
Um dos drones teria sido usado para sobrevoar a casa do ministro da Educação, quando ele ainda era governador do Ceará. O servidor da Abin que relatou o caso disse que a ordem partiu do próprio Ramagem. Em um dos casos relatados em depoimento à PF, um servidor da Abin relatou investigação sobre um encontro do então presidente da Câmara, Rodrigo Maia (PSDB-RJ), om a ex-deputada federal Joice Hasselmann, o dirigente do União Brasil Antonio Rueda e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres.Após a reunião, Ramagem recebeu informações pelo WhatsApp, incluindo imagens registradas por drone.
Carlos Bolsonaro
Filho “02” de Jair Bolsonaro (PL), Carlos Bolsonaro foi alvo de busca e apreensão em uma operação da PF sobre a Abin paralela no final de janeiro. Ele teria recebido “materiais” obtidos ilegalmente pela Abin, segundo a PF.
Durante a operação, realizada na casa de pria do clâ, em Andra dos Reis, Carlos, o pai e o irmão Flávio Bolsonaro chegaram a fugir em barco e jetskys. Eles alegam, no entanto, que teriam saído para pescar e não tinham ciência da ação dos investigadores.
A investigação aponta que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e governadores foram espionados de maneira ilegal pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sob o comando de Alexandre Ramagem. Os ministros do STF que foram alvo de espionagem ilegal da Abin são: Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes.
(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)