Ministro de Lula e Ricardo Nunes trocam farpas sobre Enel

Além de culpar a Enel pelos problemas causados pela lentidão no reestabelecimento da energia na capital, prefeito busca responsabilizar Aneel pela não interrupção do contrato da prestadora de serviço

 

O prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), passou o final de semana tentando se isentar da responsabilidade pela lentidão da Enel no atendimento e reestabelecimento da energia depois do vendaval que atingiu a capital na sexta-feira (11). Em meio à crise que deixou milhares de pessoas sem luz e ainda não tem prazo para ser solucionada, o candidato do MDB usou as redes sociais para atribuir a culpa pelos problemas não apenas à prestadora de serviço, mas também ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), padrinho político do rival, Guilherme Boulos (PSOL).

Ainda no sábado (12), Ricardo Nunes, que adotou o colete laranja da Defesa Civil como uniforme, lançou críticas ao governo federal, dizendo que haveria “descaso atrás de descaso com a população de São Paulo. Segundo ele, “milhares de pessoas estão sofrendo e sendo afetadas pelo desserviço da Enel, enquanto o governo federal insiste em manter o contrato com essa empresa ineficiente.”

Neste domingo, Nunes mirou diretamente no ministro Alexandre Silveira. “É lamentável! No dia do apagão, o ministro das Minas e Energia Alexandre Silveira, falou em durante um evento com o diretor da Enel, em Roma, na Itália, da possibilidade de renovação dos contratos da Enel no Brasil. São Paulo não merece que a Enel continue prestando seus serviços aqui”, criticou.

Alexandre Silveira reagiu também neste domingo. “De olho na herança eleitoral de Pablo Marçal, o @ricardo_nunessp se mostra um excelente aprendiz de malfeitos, ao divulgar fake news. A verdade é que participei de um fórum de debates na Itália com a presença de vários empresários e autoridades brasileiras e italianas”, rebateu o ministro.

Alexandre Silveira afirmou que “não houve qualquer discussão sobre a renovação da concessão da Enel e que “isso não está na mesa, pois o contrato, que os aliados do prefeito assinaram, vai até 2028”. O ministro ainda criticou Nunes em razão da gestão da poda de árvores da cidade, o que também tem sido enfatizado por Guilherme Boulos (PSol).

“As árvores de SP que caíram em cima das redes de energia também são de responsabilidade do governo federal? O que anda fazendo a Aneel, agência ocupada por indicações bolsonaristas, que não dá andamento ao processo de caducidade que denunciei há meses?”, questionou o ministro, que completou: “Prefeito, ainda dá tempo de podar as árvores, antes que o período chuvoso chegue de vez.”

Os efeitos da chuva de sexta-feira que deixam milhares de moradores de São Paulo sem luz ainda neste domingo viraram tema de campanha, com Boulos e Nunes trocando farpas e visitando locais afetados.

Boulos, por seu lado, passou o final de semana explorando o tema, atacando Nunes de forma contundente e criticando a resposta da prefeitura e a omissão do prefeito no atendimento aos mais afetados, sobretudo na periferia da capital. O assunto virou munição extra neste segundo turno e, com certeza, será levado pelo candidato do PSol ao debate da TV Bandeirantes nesta segunda-feira (14).

Segundo a campanha de Nunes, o dirigente municipal já preparou a defesa prevendo o ataque. Quando Boulos levantar o tema, como prometeu em coletiva, a estratégia será mesmo colar a crise ao governo federal.

Boulos reiterou as críticas do ministro Silveira sobre a presença de bolsonaristas na agência reguladora do setor de energia elétrica. Ele têm afirmou que, apesar de a Enel operar devido a uma concessão federal, a Aneel é a responsável pela sua fiscalização e seu diretor-geral, Sandoval Feitosa Neto, foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele foi nomeado em 2021 e tem mandato até agosto de 2027.

“Logicamente esse vai ser um tema não só no debate, mas também na campanha”, disse o psolista. “Quem pode romper o contrato da Enel, que é o que eu defendo, é a Aneel. Vocês sabem quem é o presidente da Aneel, um cidadão indicado pelo Bolsonaro, assim como o Campos Neto tinha no Banco Central, e o Lula não pode tirar. Já que o Nunes é apoiado pelo Bolsonaro, já que o Tarcísio é amigo do Bolsonaro, fala para eles pedirem para os amigos deles cancelarem o contrato da Enel”, completou Boulos.

Ainda que a prefeitura e o governo do Estado de São Paulo não tenham responsabilidade sobre a concessão, o serviço de poda de árvores é municipal, cabendo à prefeitura a execução de ações preventivas que evitem, por exemplo, a queda de centenas de árvores em toda a cidade.

(Foto: Bruno Ribeiro/Metrópoles)

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