Cida Gonçalves afirmou que a meta passa pelo enfrentamento da impunidade e do ódio e que, no tempo restante do atual governo, ‘dificilmente conseguiremos’
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, citou nesta segunda-feira (17) que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) trabalha com uma meta para zerar os índices de feminicídio até 2026, mas apontou dificuldades para atingir esse marco. Cida Gonçalves deu a declaração ao participar da cerimônia de abertura do Encontro Nacional das Casas da Mulher Brasileira, em Brasília.
“Essa é uma política prioritária. O presidente Lula já me falou várias vezes: ‘Eu quero feminicídio zero’. Todas nós que fazemos atendimento sabemos que, para ter feminicídio zero, tem muitas ações a serem feitas, temos que ter ações de prevenção, de conscientização, de sensibilização, de atendimento e fortalecimento individual da autonomia política e financeira de cada mulher que passa pelo nosso serviço”, disse a ministra.
“Para termos feminicídio zero, temos que enfrentar a impunidade, precisamos enfrentar o ódio, precisamos traçar todos os caminhos necessários para que possamos, de fato, não termos mais feminicídio. E nós sabemos que, em quatro anos de mandato do presidente Lula e da minha estadia no ministério, dificilmente conseguiremos feminicídio zero. Mas nós sabemos que, se colocarmos isso como meta, nós vamos conseguir”, acrescentou.
Cida Gonçalves citou ainda que o governo trabalha com foco em debater o respeito e na concessão de igualdade de oportunidades, como salarial e em outros campos no mercado de trabalho. Segundo ela, é preciso sim pedir recursos, mas também que políticas debatidas sejam transformadas em leis para que sejam efetivas.
Conforme o levantamento “Elas Vivem: dados que não se calam”, da Rede de Observatórios da Segurança, o Brasil registrou 2.423 casos de violência contra a mulher em 2022, sendo que 495 terminaram em morte. O dado revela um caso de feminicídio registrado a cada dia. São Paulo foi o estado com mais registros, 109 no total. Rio de Janeiro (103 registros) e Bahia (91 registros) aparecem em seguida. Companheiros e ex-companheiros das vítimas foram responsáveis por 75% dos crimes.
Outro levantamento do portal g1 junto a dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal mostra que o país registrou em 2022 o maior número de feminicídios em um ano, com uma mulher morta a cada seis horas. Ao todo, foram 1,4 mil mulheres mortas, um aumento de 5% em comparação a 2021.
Centrão
Após o evento, a ministra foi questionada sobre cobranças de partidos do Centrão para que o governo Lula troque alguns ministros. Informações deste fim de semana apontam que o apetite do Centrão está voltado, neste momento, para o Ministério da Ciência e Tecnologia, atualmente chefiado por Luciana Santos (PCdoB). A solução avaliada no Planalto é de transferir Luciana Santos para o Ministério das Mulheres e, com isso, Cida Gonçalves deixaria a pasta.
“Não tenho conhecimento. Isso não me chegou, seja pelo Palácio ou por qualquer outro lugar. Eu tenho segurança do que estou fazendo enquanto ministra daquilo que o presidente Lula me solicitou. Estou entregando e vamos continuar trabalhando efetivamente para garantir que as mulheres tenham igualdade e respeito e que a gente possa acabar com a misoginia no país”, declarou Cida Gonçalves nesta segunda-feira.
(Foto: Arquivo)