Ministra do Superior Tribunal Militar diz que Justiça Comum deveria julgar militares

De acordo com a Agência CEUB, a  ministra do Superior Tribunal Militar (STM), Maria Elizabeth Rocha, acredita que os militares envolvidos na tentativa de recuperação das joias entregues à comitiva do então presidente Jair Bolsonaro por representantes da Arábia Saudita (retidas pela Polícia Federal), devem ser julgados pela Justiça comum.

“Quem deveria julgar seria a Justiça comum. (As atividades desses militares) não guardam nenhuma relação com crimes militares”, afirmou, em entrevista à Agência Ceub.

A ministra diz que, em seu entender, o possível crime deveria ser julgado pela corte civil, pois compreende que foram cometidos por militares ocupando cargos do executivo, ou seja, como civis. A exceção seria o almirante Bento Albuquerque.

“ Tem uma lei especial que fala que quando generais, almirantes e brigadeiros cometem crimes, esses crimes são julgados originariamente pelo Superior Tribunal Militar”.

Ela compara essa discussão sobre prerrogativa de foro com a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, a respeito dos julgamentos dos militares acusados pelos ataques terroristas de 8 de janeiro deste ano.

Militar dentro dos quarteis

A ministra do Superior Tribunal Militar, primeira e única mulher presidente da corte, Maria Elizabeth Rocha, crê que esses episódios trouxeram impacto negativo às Forças Armadas.

“Não tenho a menor dúvida que teve impacto negativo, pois os militares tinham em volta deles a ideia de que eram menos corruptíveis […] e o que aconteceu nesses últimos quatro anos, talvez pelo excesso de militares dentro do governo, foi a corrosão dessa imagem. Ou seja, os militares mostraram que eles são tão humanos quanto os civis, portanto, suscetíveis a erros”, avalia.

Ainda sobre a visão dela diante da participação de militares da ativa em cargos do Executivo, a ministra afirma que os militares têm que ficar “dentro dos quartéis”.

“Quando a política entra dentro dos quartéis, pode ter certeza que a hierarquia e a disciplina saem pela janela. A constituição estabelece que militares não podem fazer greve ou se sindicalizar, pois são os guardiões da soberania. Se quiser ser um combatente resistente, escolha outra profissão, mas não dentro das Forças Armadas, segurando uma arma”.  (Imagem: Divulgação)

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