Nísia Trindade destacou a importância dos mutirões para cirurgia, mas que, para isso, é preciso contar com a de adesão dos estados. Atualmente, a fila do SUS tem mais de 1 milhão de pacientes esperando por cirurgias eletivas
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse nesta quarta-feira (21) que pretende reduzir pela metade, ainda este ano, a fila de espera para cirurgias no Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, a fila tem mais de 1 milhão de pacientes. “Nós temos a questão dos exames, diagnósticos e da própria atenção primária. Nós temos a meta de chegar, este ano, a 500 mil cirurgias em uma avaliação ainda não precisa, já que temos a medida de 1 milhão a serem realizadas”, destacou Trindade, durante entrevista a emissoras de rádio no retorno do programa “Bom Dia, Ministro”, da TV Brasil.
Ao ser questionada sobre as medidas para as altas demandas de cirurgias, Nísia disse que as maiores demandas são para as cirurgias ortopédicas. Contudo, apontou que existem outras cirurgias que não podem aguardar, como a do câncer, e que devem ter tratamento de prioridade. Ainda de acordo com a ministra, para que mutirões aconteçam, se necessita de adesão dos estados.
Outro assunto abordado foi a questão da saúde mental que foi agravada na pandemia e com a crise econômica, apontou. Nísia revelou que, nas próximas semanas, haverá um credenciamento de novos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e que houve uma reestruturação para a área, com um departamento próprio para tratar do assunto. O desmonte do Farmácia Popular e do plano de vacinação pelo governo anterior e as formas de recuperá-los também foram pautas do programa.
Ainda sobre as pautas de saúde pública, a ministra comentou os casos recentes de febre maculosa identificados no país. “Infelizmente, questões relacionadas a doenças infecciosas que têm exatamente a ver com desequilíbrios ambientais, e é isso que marca o retorno de doenças e a sua intensificação, como é o caso da febre maculosa, estarão presentes. Temos que trabalhar também nessas causas e nessas determinantes.”
“De forma objetiva, o que estamos fazendo agora é nos colocar primeiro junto à Secretaria de Saúde de São Paulo, onde apareceram esses casos e ocorreram as mortes, e trabalhar no sentido de identificar o problema, mapear da melhor forma possível e também contribuir para o manejo clinico, ou seja, para o cuidado necessário porque existe medicamento, esse medicamento é disponibilizado pelo SUS e, com isso, é possível evitar que as pessoas que contraiam a doença cheguem ao agravamento da sua saúde ou até mesmo à morte, como aconteceu.”
Política
Questionada sobre a relação da sua pasta com o Congresso Nacional, a ministra afirmou que o foco do governo deve ser “aperfeiçoar as relações com o poder legislativo” e disse que encontrar equilíbrio nessa relação é seu objetivo central. “Eu creio que, neste momento, aperfeiçoar as relações com o poder legislativo tenha que ser o foco do governo, e tem sido”, afirmou. “Como, de fato, chegarmos a um equilíbrio nessa relação. E isso pra mim é o objetivo central.”
Partidos ligados ao centrão têm afirmado que só prometem fidelidade ao governo em votações no Congresso caso possam ocupar a pasta. O principal motivo para a cobiça pelo Ministério da Saúde é controle sobre um dos maiores orçamentos da Esplanada. A ministra disse buscar diálogo com todos os partidos, mas lembrou que a escolha sobre o comando dos ministérios é do presidente Lula.
“Minha convicção é de fortalecer esse trabalho o máximo possível, enquanto merecer a confiança do presidente que é quem define seu ministério, e aliás é quem foi eleito. O cargo do Ministério da Saúde, de fato, é muito importante, mas tenho uma trajetória dedicada ao Sistema Único de Saúde [SUS], dedicada à democracia. Minha trajetória na Fundação Oswaldo Cruz, como o presidente Lula tem dito, foi o que o motivou a me chamar para esse cargo. Creio que, neste momento, aperfeiçoar as relações com o Poder Legislativo tenha que ser o foco do governo e tem sido”, disse, Nísia.
“Com relação à permanência no cargo, é uma prerrogativa do presidente. Sou uma ministra de Estado, tenho uma carreira e uma trajetória voltada para a defesa do Sistema Único de Saúde. Fico muito tranquila. O importante para o Brasil é que o Ministério da Saúde se fortaleça. Passamos por uma crise gravíssima. A pandemia de covid-19, no Brasil, teve efeito muito maior do que poderia ter, uma vez que perdemos 700 mil vidas. Houve negacionismo de vários preceitos da ciência e a desestruturação do SUS, que é um patrimônio nosso. Estamos reconstruindo esse patrimônio e estou feliz de poder realizar esse trabalho com a confiança demonstrada pelo presidente Lula. Minha convicção é de fortalecer esse trabalho o máximo possível enquanto merecer a confiança do presidente”, concluiu.
(Foto: Rafa Neddermeyer/ABr)