O governo pode definir ainda nesta segunda quem receberá as doses disputadas; Brasil receberá pouco mais de 5 milhões de doses em 2024
O Ministério da Saúde discute nesta segunda-feira (15) as estratégias para a distribuição e aplicação da vacina contra a dengue em todo o território nacional, prevista para começar em fevereiro. O imunizante foi incorporado no Sistema Único de Saúde (SUS) em dezembro de 2023, tornando o Brasil o primeiro país do mundo a oferecê-lo no sistema público universal.
Face ao desafio da limitada capacidade de produção do laboratório, dois anos de recorde de mortes consecutivos pela doença e expectativa de até 5 milhões de casos em 2024, governo federal, estados e municípios tentam criar diferentes estratégias de combate à dengue. O ministério anunciou a incorporação da Qdenga no Sistema Único de Saúde (SUS) no final de dezembro. A proposta de estratégia de vacinação que a fabricante sugeriu à pasta é imunizar apenas crianças de 4 anos e adultos de 55.
O ministério, contudo, avalia incluir mais idades na vacinação. Também pesa uma orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS) de outubro, que orienta aplicar a nova vacina contra a dengue em crianças e adolescentes de 6 a 16 anos, considerando os locais de maior incidência da doença. Dentro da previsão de doses distribuídas em 2024, de 5 milhões, privilegiar mais idades só funcionará havendo limitação regional. O plano do ministério é restringir a campanha aos municípios com transmissão elevada de dengue.
Em 2023, segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, os municípios do Sudeste, Sul e Centro-Oeste foram os mais afetados. O número de casos no último ano passou de 1,6 milhão, um aumento de 15,8% em relação a 2022, que registrou 1,3 milhão. Espírito Santo, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Goiás foram os lugares com maior incidência da doença.
Entre os municípios com mais casos em 2023, seis se destacam e vão passar receber do ministério mosquitos que não transmitem a dengue para tentar conter a doença — estratégia conhecida como método Wolbachia. São eles: Natal (RN, Uberlândia (MG), Presidente Prudente (SP), Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR) e Joinville (SC). Outras seis cidades já fazem parte do projeto e permanecerão: Campo Grande (MS), Petrolina (PE), Belo Horizonte (MG), Niterói (RJ) e Rio de Janeiro (RJ).
O Ministério da Saúde e o InfoDengue, da Fiocruz, projetam que o número de casos da doença este ano no país deve variar 1,7 milhão entre 5 milhões, com uma média de 3 milhões. Será um salto enorme frente aos 1.658.816 casos da doença e 1.094 óbitos em decorrência da dengue registrados no ano passado. Assim, estados nos quais há maior risco de disseminação começam a se movimentar.
Em dezembro, o Ministério da Saúde anunciou a incorporação da vacina contra dengue ao SUS e, à época, a pasta informou que haveria uma reunião da CTAI para definir as estratégias de vacinação nas primeiras semanas de janeiro, o que acontece agora. Além da vacinação, o Ministério da Saúde reforçou ações de vigilância sanitária com R$ 256 milhões. As verbas serão destinadas às secretarias estaduais e municipais de saúde para compras de testes, remédios e equipamentos. Os investimentos serão focados no fortalecimento das ações de vigilância e contenção do mosquito Aedes aegypti.
O ministério também vai instalar a Sala Nacional de Arboviroses, espaço permanente para monitoramento em tempo real dos locais com maior incidência de dengue, chikungunya e zika. A ideia, segundo a pasta, é preparar o Brasil para uma alta de casos dessas doenças nos próximos meses.
(Foto: Takeda Pharm/Divulgação)