A eventual extinção do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), estudada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem causado desconforto nas Forças Armadas.
A avaliação transmitida ao Palácio do Planalto por pessoas ligadas às Forças Armadas, é de que o fim da pasta criaria um desgaste desnecessário em uma relação já conturbada entre a cúpula militar e o governo petista.
A defesa é de que, em vez de acabar com a estrutura que historicamente é comandada por militares, seja colocada à frente da pasta um general legalista, perfil semelhante ao do atual comandante do Exército, general Tomás Paiva.
O diagnóstico é de que, em uma instituição que preza pelo respeito à hierarquia, apenas um militar teria condições de fazer mudanças na pasta, retirando militares bolsonaristas, e escalando nomes moderados.
O fim da pasta ministerial, na avaliação de militares, pode criar um sentimento revanchista, com potencial de acirrar ainda mais os ânimos no país.
Criação do GSI
A avaliação, segundo militares da ativa, é compartilhada pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que se posicionou contra a extinção do GSI durante viagem do presidente brasileiro a Portugal.
Para extinguir ou rebaixar o GSI, o governo federal precisaria alterar a legislação por meio de uma nova medida provisória, como a que editou em janeiro mudando a configuração da Esplanada dos Ministérios.
Lula já afirmou que só tomará uma decisão sobre a pasta quando retornar ao Brasil, na próxima quarta-feira (26). A ideia é que, na quinta-feira (27), ele se reúna com os ministros da Casa Civil, Justiça e Defesa para discutir o tema.
Criado em 1999, o GSI surgiu de uma fusão da Casa Militar com a Secretaria do Conselho de Segurança Nacional. Em 2015, a então presidente Dilma Rousseff retirou o status ministerial do órgão federal, que voltou a virar uma pasta em 2016.
Na foto, Palácio do Planalto, onde fica a sede do GSI, alvo de ataque no dia 8 de janeiro (Eduardo Coutinho/Wikimedia Commons)