Militares abriram empresa para homicídios contra ministros do STF

A revelação bombástica é da Polícia Federal: planos de terror com confecção de tabela de preços “por cabeça”

 

Hoje, ao dar início à sétima etapa da Operação Sisamnes, que investiga práticas corruptas em diversas áreas do Judiciário, a Polícia Federal revelou indícios de que membros das Forças Armadas estabeleceram uma empresa com o objetivo de executar atividades de vigilância e assassinatos.

A ação foi fundamentada em papéis confiscados no ano anterior na casa de um coronel reformado do Exército, Etevaldo Caçadini. A Polícia Federal identificou uma lista com valores para monitorar ou até eliminar membros do STF e legisladores do Congresso Nacional. Além disso, havia um regulamento interno da organização de assassinatos, com divisões setoriais, tipos de armamentos e até a contratação de acompanhantes.

Conversas entre os suspeitos mencionam ministros do STF como potenciais alvos, bem como integrantes do parlamento.

A tabela confiscada revela que os valores cobrados mudavam de acordo com o alvo. Devido aos preços, que foram considerados baixos, a Polícia Federal suspeita que tais montantes seriam destinados à vigilância dos alvos.

Membros do Judiciário – R$ 250 mil

Senadores – R$ 150.000,00

Parlamentares – R$ 100 mil

Figuras padrão – R$ 50 mil…

 

O coronel Etevaldo Caçadini permaneceu detido desde janeiro do ano anterior, sob a suspeita de participação no homicídio do advogado Roberto Zampieri, que foi assassinado no final de 2023 em Cuiabá. Naquele período, a apuração era conduzida pela Polícia Civil de Mato Grosso. Posteriormente, o caso foi encaminhado ao STF (Supremo Tribunal Federal) e à Polícia Federal, pois evidências de corrupção com servidores de tribunais superiores foram descobertas no celular de Zampieri.

Coronel  preso

O coronel Etevaldo Caçadini estava preso desde janeiro do ano passado por suspeita de envolvimento no assassinato do advogado Roberto Zampieri (foto), morto no final de 2023 em Cuiabá. Na época, a investigação estava a cargo da Polícia Civil de Mato Grosso. A investigação, depois, foi enviada ao STF (Supremo Tribunal Federal) e à Polícia Federal porque no celular de Zampieri foram encontrados indícios de corrupção envolvendo servidores de tribunais superiores.

Nesta operação realizada hoje, a Polícia Federal executou um novo mandado de prisão contra Caçadini, conforme determinação do relator do caso no Supremo Tribunal Federal, Cristiano Zanin. Caçadini é apontado como um dos principais envolvidos nesse esquema de homicídiosuma tabela de preços relacionada foi confiscada em janeiro em sua residência.

O coronel Caçadini foi detido pela Polícia Civil de Mato Grosso em janeiro de 2024. Além disso, ele havia sido denunciado pelo Ministério Público do estado em relação a essa situação.

A equipe de defesa do coronel solicitou, no Tribunal de Justiça de Mato Grosso, sua liberação, sustentando que não existiam evidências ligando-o ao delito e alegando que seu nome foi mencionado após a suposta “tortura” aplicada a um dos envolvidosa solicitação ainda está pendente de julgamento.

A Polícia Federal também investigou o fazendeiro Aníbal Manoel Laurindo, suspeito de ser o autor intelectual do homicídio de Zampieri, além de mais três indivíduos conectados à empresa envolvida nos crimes, entre eles um instrutor de tiro. Durante a operação, foi encontrado um arsenal com várias armas na residência de um desses suspeitos.

A referida empresa tinha a intenção de fornecer serviços de segurança privada, mas, conforme a investigação revelou, suas atividades eram, na verdade, clandestinas. De acordo com a Polícia Federal, eles se chamavam, de maneira informal, de “Comando C4: Caça Comunistas, Corruptos e Criminosos”.

 

Investigação sobre corrupção no STJ.

Investiga-se a possibilidade de que o grupo tenha planejado e realizado o assassinato do advogado Roberto Zampieri, que foi baleado e falecido no final de 2023 em Cuiabá. Zampieri desempenhou um papel central na investigação sobre corrupção em diferentes setores do Judiciário. A trama começou a se desenrolar com a análise de seu celular, que foi confiscado para esclarecer quem seriam os responsáveis pelo crime.

Os documentos foram encaminhados ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que detectou sinais de corrupção envolvendo desembargadores e assessores de ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

 

O “Grupo C4″

Para dar início à ação, a Polícia Federal comunicou ao Supremo Tribunal Federal que “identificou uma organização criminosa de caráter empresarial chamada ‘Comando C4’, composta por militares, tanto da ativa quanto da reserva, e civis, voltada para a execução de delitos sérios, principalmente espionagem e assassinatos encomendados, e que é apontada como responsável pela morte de Roberto Zampieri.“.

De acordo com a Polícia Federal, o grupo criminoso tinha “uma espécie de lista de preços relacionados à execução de assassinatos, com valores que variavam de acordo com o papel da vítima”. Entre os alvos em potencial estariam parlamentares e figuras do Judiciário.

“A Polícia Federal encontrou anotações à mão que fazem referência a autoridades brasileiras, incluindo destacados membros do Congresso Nacional e ministros do Supremo Tribunal Federal”, afirmou a PF.

Além dos cinco mandados de prisão, a operação executou quatro ordens de monitoração eletrônica e seis de busca e apreensão. (Foto: Reprodução)

 

 

Relacionados

plugins premium WordPress