Milei demite subsecretário que cobrou desculpas por canto racista na seleção argentina

Julio Garro tinha afirmado que o canto colocava país em “situação ruim”. Ex-subsecretário de Esportes cobrou uma postura do capitão da seleção nacional, Lionel Messi, e da Associação do Futebol Argentino (AFA)

 

 

O presidente ultradireitista da Argentina, Javier Milei, demitiu Julio Garro do cargo de subsecretário de Esportes depois que ele afirmou que o capitão da seleção argentina de futebol, Lionel Messi, deveria pedir desculpas pelo cântico racista entoado pelos jogadores após a conquista do bicampeonato da Copa América.

“A Presidência informa que nenhum governo pode dizer o que comentar, o que pensar ou o que fazer à Seleção Argentina, Campeã Mundial e Bicampeã Americana, ou a qualquer outro cidadão. Por isso, Julio Garro deixa de ser Subsecretário de Esportes da Nação”, diz o comunicado do gabinete do presidente na rede social X.

O vídeo polêmico foi gravado pelo meia Enzo Fernández e mostra vários jogadores da Seleção durante a comemoração do bicampeonato da Copa América no último domingo. A música ironiza os atletas franceses filhos de migrantes: “Jogam pela França, mas vêm de Angola (…), seu pai é cambojano, mas seu passaporte é francês”, entoam os jogadores. Num trecho, dizem que os jogadores franceses se relacionam com transexuais.

Segundo informa a Reuters, a Fifa está investigando o vídeo após declaração da Federação Francesa de Futebol (FFF) de que ele seria “racista e discriminatório”. A FFF disse na segunda-feira que apresentaria uma reclamação ao órgão regulador do futebol mundial.

As primeiras manifestações contrárias ao vídeo vieram do zagueiro francês Wesley Fofana, companheiro de Enzo Fernández no Chelsea, que acusou o “racismo desinibido” dos argentinos. Com a polêmica instalada, Garro cobrou um pedido de desculpas formal.

“Acredito que o capitão da Seleção [Messi] deve pedir desculpas. O mesmo vale para o presidente da AFA [a Associação do Futebol Argentino]. É algo que nos deixa em má situação como país”, disse numa entrevista a uma emissora de rádio.

A partir daí, houve forte pressão de dentro e de fora do governo para que Milei demitisse o funcionário do governo. A vice-presidente Victoria Villarruel, por exemplo, comentou nas redes sociais que a Argentina é um país soberano e livre. “Nunca tivemos colônias ou cidadãos de segunda classe. Nunca impusemos nosso modo de vida a ninguém. Mas também não vamos tolerar que façam isso conosco”, escreveu.

Garro tentou desmentir o que havia dito, comentando que cobrar desculpas de Messi “seria uma falta de respeito para com aqueles que nos honram permanentemente com a sua qualidade humana e desportiva”, mas não evitou sua demissão. Mais tarde, ele agradeceu ter feito parte da equipe de trabalho de Milei e se desculpou se os comentários tinham ofendido alguém, mas afirmou que estará sempre “do outro lado da discriminação em todas as suas formas”.

(Foto: REUTERS/Agustin Marcarian)

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