Médico de Bolsonaro era funcionário fantasma em Miami, diz ApexBrasil

Relatório indica que Ricardo Camarinha não frequentou ou desenvolveu função, apesar de contratado por agência

 

Ricardo Camarinha, médico do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi funcionário fantasma do escritório da ApexBrasil em Miami entre abril e dezembro de 2022, com salário mensal de R$ 36,8 mil. É o que revela o relatório interno da agência de promoção de exportações e investimentos, que aponta a contratação como “fraudulenta”.

Uma comissão interna da ApexBrasil apurou desvios de conduta na gestão do general Mauro Lourena Cid, chefe do escritório da agência em Miami, durante o governo Bolsonaro. De acordo com os relatos à comissão interna, o médico foi contratado na agência em Brasília, mas foi “imposto à equipe” a expatriação para o escritório em Miami, “por meio de instrumentos de excepcionalidade (memorando, portaria e carta oferta)”.

A diretoria concluiu que o médico “não desenvolvia qualquer atividade profissional que mantivesse ligação com o cargo de assessor, e nem frequentava as dependências do escritório”. A Polícia Federal (PF) já apura a denúncia de que Camarinha era funcionário fantasma.

O médico morava em Orlando e o escritório da Apex é em Miami. A distância as cidades é de aproximadamente 380 quilômetros. No entanto, apesar de atuar como fantasma, Camarinha possuía destaque na gestão anterior para outras funções, mas não relacionadas ao mundo da medicina.

Reportagem da CNN Brasil revela que, no relatório final,  os investigadores afirmam que o médico confirmou que recebeu uma mala do ex-ajudante de ordens Mauro Cesar Barbosa Cid, em Orlando, em dezembro de 2022.

Cid teria perguntado se Camarinha poderia levar a mala a Miami. O médico teria respondido que demoraria para ir à cidade, já que a Apex estava em recesso de fim de ano, por isso, seu nome foi descartado para atuar como “mula”.

De acordo com o relato do médico, a mala foi devolvida a um assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A apuração da PF aponta que a mala continha presentes que deveriam ser destinados ao acervo da presidência da República, mas foram roubados  e seriam revendidos nos Estados Unidos.

Entretanto, a sanha para revender os valiosos itens impulsionava o bando, que não desistiu de enviar a mala ao país. Posteriormente, ela foi enviada a Miami, por meio do corretor de imóveis Cristiano Piquet, que é brasileiro, mas atua há 20 anos como corretor imobiliário no estado da Flórida e vive em Miami. Ele foi ouvido pela PF na condição de testemunha.

(Foto: Instagram/Reprodução)

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