Segundo o ministro, governo de Israel usou linguagem ‘chula’ para reagir a Lula e buscou tirar proveito político do fato
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que a diplomacia de Israel escreveu uma “vergonhosa página” ao acusar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “com recurso a linguagem chula e irresponsável”. Ele classificou como “algo insólito e revoltante” a conduta de Tel Aviv após o petista comentar os ataques contra a Faixa de Gaza. As declarações de Vieira foram proferidas no Rio de Janeiro, na saída da Marina da Glória, local das reuniões do G20.
Pouco antes, o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta (PT), havia afirmado que o ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, “distribui conteúdo falso” sobre Lula. “O chanceler de Israel, @Israel_katz, distribui conteúdo falso atribuindo ao Presidente @LulaOficial opiniões que jamais foram ditas por ele. Em nenhum momento o presidente fez críticas ao povo judeu, tampouco negou o holocausto. Lula condena o massacre da população civil de Gaza promovido pelo governo de extrema-direita de @netanyahu , que já matou mais de 30 mil palestinos, entre eles, 10 mil crianças”, escreveu.
“Desde o primeiro dia, o presidente Lula condenou como terroristas os ataques do Hamas contra o povo de Israel. Durante a presidência do Conselho de Segurança da ONU, o Brasil apresentou uma resolução de imediato cessar-fogo, comprovando o compromisso do país com a paz na região. Historicamente o Presidente Lula defende a coexistência de dois Estados como solução definitiva para o conflito entre Israel e Palestina”, continuou.
Em publicação no X nesta terça-feira 20, Katz acusou Lula de “comparar Israel a Hitler” e disse que as afirmações do petista sobre a ofensiva contra Gaza são uma “vergonha para o Brasil e um cuspe no rosto dos judeus brasileiros”. Já o perfil oficial do Estado de Israel na rede social alegou que Lula teria negado o Holocausto. “As manifestações do titular da chancelaria do governo Netanyahu, de ontem e de hoje, são inaceitáveis na forma e mentirosas no conteúdo”, reagiu Mauro Vieira. “Katz distorce posições do Brasil para tentar tirar proveito em política doméstica.”
Segundo o chanceler, Katz atacou o País em público, mas, em conversa reservada com o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, “afirmou ter grande respeito pelos brasileiros e pelo Brasil, que definiu como a mais importante nação da América do Sul. “Além de tentar semear divisões, busca aumentar sua visibilidade no Brasil para lançar uma cortina de fumaça que encubra o real problema do massacre em curso em Gaza, onde 30 mil civis palestinos já morreram, em sua maioria mulheres e crianças, e a população submetida a deslocamento forçado e a punição coletiva.”
Mauro Vieira ainda afirmou que a situação em Gaza tem levado a um crescente isolamento internacional do governo de Benjamin Netanyahu. “É este isolamento que o titular da chancelaria israelense tenta esconder. Não entraremos nesse jogo. E não deixaremos de lutar pela proteção das vidas inocentes em risco. É disso que se trata.”
(Foto: Ministério das Relações Exteriores/Flickr)