Mauro Cid vai prestar novo depoimento à PF e será cobrado a revelar o que escondeu na delação

Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro terá que esclarecer aspectos da trama golpista dos quais ele não falou no acordo de delação premiada que fechou com a Polícia Federal em setembro do ano passado

 

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), terá que prestar um novo depoimento à Polícia Federal (PF) sobre os fatos revelados pela operação Tempus Veritatis, desencadeada na quinta-feira (8) contra o ex-presidente, seus ex-ministros e assessores e vários oficiais militares que participaram da elaboração de um plano para dar um golpe de estado no Brasil. Segundo a coluna da jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo, os investigadores vão cobrar de Mauro Cid que entregue mais informações e detalhes sobre aspectos da trama golpista dos quais ele não falou no acordo de delação premiada que fechou com a Polícia Federal em setembro do ano passado. “Se não colaborar com a PF, Mauro Cid pode até perder o acordo, que permitiu a sua saída do batalhão do Exército em Goiás, onde ficou preso por quatro meses por ordem do ministro Alexandre de Moraes”, destaca a reportagem.

Um dos pontos de interesse é o financiamento dos atos golpistas. Segundo a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes que autorizou a operação, a PF identificou que Mauro Cid esteve envolvido na liberação de R$ 100 mil para custear “um pessoal” em Brasília durante as discussões sobre o golpe de estado. O dinheiro seria destinado a despesas com hospedagem, alimentação e materiais, conforme revelado em mensagens protegidas por senha, intituladas “Copa 2022”. “De acordo com investigadores, ‘o pessoal’ que viajaria a Brasília era uma turma de oficiais das Forças Especiais de Goiânia, que ficaria de prontidão na cidade à espera de um chamamento de Bolsonaro”, ressalta a reportagem.

Além disso, há indícios de que empresas estariam financiando a tentativa de golpe, conforme mencionado em mensagens obtidas pela PF. Em um áudio supostamente enviado ao general Freire Gomes, Cid diz que empresários do agronegócio estariam bancando o financiamento de acampamentos golpistas em frente aos quartéis. Em sua delação,porém, Cid não forneceu detalhes sobre este ponto.

Outro ponto de interesse no depoimento de Mauro Cid é a dinâmica de propagação de fake news pelo chamado “gabinete do ódio”. A PF identificou a participação de Cid em um núcleo de disseminação de desinformação e fake news sobre o sistema eleitoral, mas ainda busca entender como esse grupo operava. Desde a assinatura de seu acordo de delação premiada, Mauro Cid entregou documentos relacionados a investigações em andamento, como os atentados de janeiro, desvio de joias e fraudes no cartão de vacinação. No entanto, investigadores acreditam que ele ainda possa ter informações que não foram reveladas anteriormente.

(Foto: Evaristo Sá/AFP)

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