Ex-ajudante de ordens da Presidência teria dito ainda que soube por Freire Gomes que Bolsonaro teria pressionado os comandantes das Forças Armadas a aderir ao plano golpista
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), prestou depoimento de quase nove horas à Polícia Federal (PF) que serviu para esclarecer diversos pontos relacionados à sua delação premiada e corroboraram elementos das investigações relacionadas à vacinação, esquema de venda das joias sauditas, além do planejamento de um suposto golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
De acordo com a coluna da jornalista Camila Bomfim, do G1, o militar relatou que aliados de Bolsonaro já tinham conhecimento de que não havia fraude nas urnas eletrônicas e que o sistema era seguro e confiável. “Cid afirmou que o entorno de Bolsonaro alvo da operação sobre tentativa de golpe – ex-assessores e militares – e o próprio ex-presidente já tinham sido alertados que não havia fraude em urna eletrônica, e que o sistema era completamente confiável e seguro. Ainda assim, segundo Cid, seguiram se reunindo e tramando golpe”, destaca a reportagem.
“Quem acompanhou o depoimento diz que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro relatou que, mesmo alertado, o grupo seguiu com narrativas porque desacreditar o sistema era a única forma de embasar o golpe”, complementa.
As mensagens encontradas pela PF no celular de Mauro Cid também confirmaram que, apesar dos relatórios e reuniões que atestavam a segurança das urnas, o discurso e os planos do grupo continuavam, incluindo a elaboração de uma minuta do golpe e a suspeita de um texto golpista editado pelo próprio Bolsonaro. Segundo investigadores, Cid também relatou que o ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, era contra o golpe, conforme já demonstraram mensagens de interlocutores de Bolsonaro, achadas no celular de Cid.
(Foto: Gesival Nogueira/Ato Press/Estadão Conteúdo)