A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, se retirou da audiência na Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado após ser agredida verbalmente pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM).
O tucano solicitou a palavra para questionar, mas acabou declarando que, na posição de ministra, ela não era digna de respeito.
“Estou me dirigindo à ministra e não à mulher, pois a mulher merece consideração, enquanto a ministra, não”, declarou Plínio Valério.
A ministra participou da comissão como convidada para discutir o estabelecimento de quatro áreas de proteção marinha no Amapá. No decorrer da audiência, ocorreram debates intensos sobre questões como a exploração de petróleo na região da Foz do Amazonas, o Projeto de Lei relativo ao Licenciamento Ambiental e a ampliação da BR-319.
Depois de contestar que a chamada foi realizada devido à sua posição como ministra e não por ser do gênero feminino, Marina Silva e sua equipe se retiraram da reunião.
Antes do término da sessão, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) manifestou apoio à ministra.
“A discussão política pode ser intensa e trazer à tona diferentes opiniões e divergências, mas atitudes desrespeitosas são totalmente inadmissíveis.”
Plínio Valério já havia criticado a ministra Marina Silva em uma fala em um evento no Amazonas. Naquele momento, o senador declarou: “Pense no que significa aguentar a Marina por seis horas e dez minutos sem estrangulá-la”.
Pedir desculpas
Após sair da audiência, Marina Silva conversou com os jornalistas e declarou que não poderia ficar ali após ser novamente submetida a um tratamento desrespeitoso.
“A única postura que eu poderia adotar foi permitir que ele tivesse a oportunidade de me pedir desculpas”, declarou a ministra.
A ministra afirmou que compareceu à audiência para promover a defesa dos recursos naturais do Brasil, questionando como é possível avançar de uma mentalidade de proibição para uma abordagem mais positiva e correta. Ela também ressaltou: “Eles acreditam que estão atacando um indivíduo. Na verdade, estão atacando uma nação.”
Senador amazonense
Antes da agressão verbal de Plínio Valério, o senador Omar Aziz (PSD-AM) desafiou Marina Silva, responsabilizando-a pela aprovação do Projeto de Lei 2.159/2021, que altera as normas de licenciamento ambiental.
“Caso essa situação [o PL] não avance, a senhora também será responsável pelo que estamos aprovando aqui. Pode ter certeza disso! Devido à inflexibilidade, à ausência de interesse em dialogar, negociar, discutir e acelerar, vamos nos empenhar em agilizar”, afirmou Aziz.
“É uma falta de respeito com os compromissos assumidos por aqueles que os escolheram, uma vez que os que ocupam cargos de senador ou deputado tomam decisões baseadas em suas crenças, e não por imposição externa”, argumentou a ministra.
Marina Silva finalizou destacando que “o licenciamento ambiental representa uma vitória da sociedade brasileira e, neste instante, somente o povo brasileiro tem o poder de impedir essa desestruturação que está sendo sugerida.” (Foto: Rede Brasil)
