Marcha da Classe Trabalhadora reúne quase 20 mil participantes por emprego digno e educação de qualidade

A Esplanada dos Ministérios, em Brasília, foi tomada nesta quarta-feira (22), por cerca de 20 mil trabalhadores de diversas regiões do país que marcharam em direção ao Congresso Nacional em defesa do emprego, de condições dignas de trabalho, além de lutar contra os ataques aos direitos da classe trabalhadora. A revogação do Novo Ensino Médio, da Reforma Trabalhista e da Previdência, da Lei da Terceirização e do Arcabouço Fiscal também foram pontos da pauta. A estimativa de participantes da “Marcha da Classe Trabalhadora” é da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e demais centrais, que organizam o evento.

Os manifestantes saíram no final da manhã da Funarte, localizada na região central da capital federal, e marcharam aproximadamente 4 km até chegarem em frente ao Congresso Nacional. Os docentes das instituições federais em greve e universidades estaduais, municipais e distrital se uniram a técnicas, técnicos, estudantes e manifestantes dos mais diversos segmentos, como Correios e Frigoríficos, entre outros. Houve ainda a participação de centrais sindicais, sindicatos, movimentos sociais e partidos políticos.

 

Representantes da CUT do Rio Grande do Sul participam da Marcha da Classe Trabalhadora. O tesoureiro da CUT-RS, Antônio – na ponta direita, com boné vermelho – destaca a importancia dessa participação: “O Rio Grande precisa ser reconstruído com as mãos dos trabalhadores, com as mãos de toda a sociedade gaúcha e de quem puder ajudar. Mas não com o sangue e a miséria da classe trabalhadora”, disse. (Foto: Thiago Vilarins)

 

A reconstrução e o apoio ao povo do Rio Grande do Sul também foram destaque. “Precisamos lutar pela nossa pauta que está represada no Congresso Nacional. Nós temos um presidente do Congresso Nacional reacionário, que está fazendo tudo, menos botando pauta de interesse da classe trabalhadora. O Rio Grande do Sul, em especial, nesse momento, atravessa um período muito difícil. As enchentes atingiram mais de 400 municípios e estimamos que teremos mais de 300 mortes. E, quando a água baixar, muitos trabalhadores não terão mais casa. E aí vem as doenças oriundas dessa enchente. Então, para nós é fundamental estar aqui em Brasília. Nossa representação é pequena. Nós tínhamos uma previsão de trazer 20 ônibus e acabou que a gente trouxe um ônibus de sindicalistas”, disse o sapateiro Antônio, tesoureiro da CUT/RS e membro do Sindicato dos Sapateiros do município gaúcho de Sapiranga.

“Trouxemos para o ministro do trabalho o pedido para que o governo edite uma Medida Provisória dando a ultratividade dos trabalhadores lá do Rio Grande do Sul, para que a gente não precise negociar com a FIERGS (Federação das Indústrias do Estado do RS) com a faca no pescoço,  porque eles pediram R$ 100 bilhões para o governo e flexibilização total dos direitos e sem sindicato para negociar. Não. O Rio Grande precisa ser reconstruído com as mãos dos trabalhadores, com as mãos dos empresários, com as mãos de toda a sociedade gaúcha e de quem puder ajudar. Mas não é com sangue, com a fome e com a miséria da classe trabalhadora”, completou.

Em plena campanha salarial e com processos de negociação em curso com instalação de mesas setoriais no Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), os servidores federais marcharam também por suas pautas que incluem cobrar valorização da categoria, a maioria com perdas salariais acumuladas que superaram 30% nos últimos anos. De acordo com Jailson Alves, da Associação dos Professores Universitários da Bahia, o movimento visa endereçar o orçamento público para as demandas do povo, como saúde e educação. “É uma marcha  da classe trabalhadora que pretende, em última instância, manter o foco do orçamento público para o povo. Essa é a base dessa marcha”, explica, avaliando ainda a importância da marcha para o setor que ele representa.

 

Jailson Alves, da Associação dos Professores Universitários da Bahia (Foto: Thiago Vilarins)

 

“Têm outras pautas internas. Hoje as universidades públicas, os institutos federais estão em greve. E estamos lutando pela recomposição orçamentária, pelas bolsas universais para as pós-graduação, pela melhor atenção aos estudantes para permanência deles nas universidades e também estamos lutando, aqui, por um aumento de salário ainda em 2024. Então, é uma pauta muito ampla, mas legítima. Claro, a gente está disputando em um orçamento que não está muito folgado, mas a gente não é governo, a gente está fazendo a parte da classe trabalhadora”, disse.

A categoria docente federal deflagrou greve no dia 15 de abril. Desde então, 58 instituições aderiram à paralisação. Esse movimento se soma às greves em curso das técnicas e dos técnicos em educação nas universidades federais e também à greve de docentes e servidores técnico-administrativo em educação (TAEs) dos institutos federais. Participantes da marcha, representantes do setor, ecoaram palavras de ordem como “Para barrar a precarização, greve geral da educação”, “A nossa luta é todo dia, educação não é mercadoria”, “Trabalhador, olha pra cá, eu estou lutando pra sua filha estudar”.

 

Deputada Fernanda Melchionna (PSol-RS) na Marcha dos Trabalhadores. (Foto: Thiago Vilarins)

 

Presente a marcha, a deputada Fernanda Melchionna (PSol-RS) destacou a importância da reinvindicação trabalhista e de como ela será recebida pelo governo federal e pelos parlamentares do Congresso Nacional.  “Aqui é Brasília! A gente elegeu o Lula para ter liberdade democrática para lutar. É preciso seguir a luta, contra a extrema direita, mas também a luta em defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. Nós precisamos alterar a correlação de força. O Congresso quando tem mobilização, quando tem luta popular, quando tem pressão da classe, bafo na nuca dos deputados e deputadas, vota com coisas a favor da classe trabalhadora, mas tem que ter luta. Tem que ter pressão, porque enquanto a classe, o povo, os trabalhadores não estão acompanhando o processo político, não tem mobilização, só avança a pauta sobre o agronegócio, pautas do desmatamento, pautas contra a classe trabalhadora… por isso é fundamental uma marcha hoje em Brasília”.

(Foto: Andes/Divulgação)

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