Aliado de Bolsonaro acredita que governador paulista está deixando o ex-presidente de “escanteio”
O pastor Silas Malafaia, apoiador e um dos aliados mais próximos de Jair Bolsonaro (PL), expôs o racha entre o ex-presidente com o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), que se aproximou de figuras como o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e do apresentador da Globo, Luciano Huck, e é sondado para ser o candidato da “terceira via” contra Lula em 2026. Na avaliação do “conselheiro espiritual”, o ex-presidente deveria “dar uma prensa” no afilhado político.
Em entrevista ao site Metrópoles nesta terça-feira (4), Malafaia atacou duramente o ex-ministro de Bolsonaro, dizendo que Tarcísio busca se apresentar como “bolsonarista moderado, um novo PSDB” e confirmou o flerte do ex-presidente com governadores da direita mais radical, como Ronaldo Caiado (União), de Goiás. “Não tem só o Tarcisio. Tem o Tarcísio, tem o Ratinho Jr., tem o Ronaldo Caiado, tem o Romeu Zema. Todos governadores com excelente aprovação. Até maior que a dele”, disparou.
Malafaia não disfarçou sua raiva com o governador de São Paulo, que tem elogiado até mesmo o ministro da Fazenda Fernando Haddad. “Quem é amigo do meu inimigo, meu amigo não é”, afirmou. O pastor expôs essa irritação, principalmente após o jantar em que Tarcísio participou juntamente com o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, na casa de Luciano Huck no final de maio, após fazer uma incursão nos EUA para vender a Sabesp aos banqueiros.
O jantar serviu para Huck, em nome da Globo, testar a reação de Tarcísio para uma guinada mais “moderada”, já que o ex-ministro deu mostras de seu alinhamento econômico com a emissora. “O cara [Tarcísio] ir a um jantar na casa de um inimigo político? Jantar significa intimidade, conversa mais chegada. Já sabemos a real intenção desse sujeito. Temos o direito de desconfiar muito do governador Tarcísio, de querer que Bolsonaro fique elegível para 2026”, disparou Malafaia.
Malafaia ainda criticou a aproximação com Alexandre de Moraes, que indicou a Tarcísio o nome do amigo Paulo Sérgio de Oliveira e Costa para Procuradoria-Geral de Justiça do Estado. A indicação teria feito parte do acordo para livrar Sergio Moro (União-PR) – que já foi opção da chamada terceira via – da cassação do mandato no Senado. “Fica de papinho com Alexandre de Moraes. Aceita indicação dele, mas, até o momento, não demonstrou atuar para que Bolsonaro possa disputar eleição. Parece que ele quer se colocar como o candidato do STF”, afirmou. Ao Metrópoles, Tarcísio não comentou a entrevista e se limitou a dizer que “não é candidato à Presidência”.
(Foto: Lula Marques/AgênciaPT)