Mais de 70% das empresas industriais com 100 ou mais pessoas ocupadas inovaram em 2021

Dados  da Pesquisa de Inovação Semestral (Pintec Semestral) 2021, divulgada pelo IBGE, mostram que, naquele ano, a taxa de inovação no Brasil foi de 70,5%, percentual relativo às empresas industriais com 100 ou mais pessoas ocupadas que lançaram um produto ou implementaram um processo de negócios novos ou substancialmente aprimorados.

Dessas, 37,8% lançaram produtos e implementaram processo de negócios novos; 20% implementaram só novos processos de negócios; e 12,7% lançaram somente novos produtos.

Por faixa de pessoal ocupado, as empresas de maior porte são as mais inovadoras: as que têm 500 ou mais pessoas ocupadas têm taxa de 76,7%; as de 250 a 499, 75,3%; índice que cai para 66,6% na faixa de 100 a 249.

Os dados fazem parte do denominado Indicadores Básicos, investigação inédita que traz novas revelações sobre inovação e temas correlatos.

O objetivo, segundo o IBGE,  é traçar o retrato da inovação no Brasil, ao levantar informações referentes ao investimento empresarial em Ciência, Tecnologia e Inovação no país.

A pesquisa, de caráter experimental, investigou uma amostra de 1.454 empresas de médio e grande portes – acima de 100 pessoas ocupadas – das indústrias de transformação e extrativas, de um universo de 9.408 companhias com esse perfil.

Os dados vão subsidiar implementação, aperfeiçoamento e monitoramento de políticas públicas e estratégias das empresas.

Os temas abrangeram incidência de inovação, cooperação, obstáculos, empresas que realizaram dispêndios em P&D, expectativas de dispêndios em P&D, impactos da pandemia de Covid-19 e publicação de relatório de sustentabilidade. Há dados para Brasil, sem desagregações regionais.

A pesquisa é fruto de uma parceria entre IBGE, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A meta é oferecer, semestralmente, estatísticas relevantes e confiáveis, que apontem tendências e, ao mesmo tempo, sejam um termômetro da situação da inovação no setor produtivo nacional.

 

PINTEC semestral vai complementar a PINTEC trienal

 

Com período de referência anual (relativo ao ano anterior da coleta) e duas avaliações semestrais, a pesquisa investiga, no primeiro semestre, indicadores temáticos rotativos (como digitalização) e, no segundo, indicadores básicos fixos (inovação e P&D). O objetivo da PINTEC Semestral não é substituir a tradicional Pesquisa de Inovação do IBGE (PINTEC) – já com sete edições realizadas de forma ampla a cada três anos, desde 2000, e que continuará a ser editada – mas, sim, complementá-la.

“As pesquisas têm o nome de PINTEC porque ambas abordam o tema inovação, porém seus dados não podem ser comparados, uma vez que possuem amostras diferentes, formas de coletas distintas, além de ter havido mudanças relevantes nos principais conceitos de inovação. Vale ressaltar que a PINTEC Semestral é uma pesquisa nova que carrega o selo de experimental”, esclarece Fernanda de Vilhena, gerente de Análise Estrutural e Temática do IBGE.

A 1ª edição da PINTEC Semestral 2021 traz resultados para indicadores básicos de inovação, referentes ao ano de 2021, para o universo das empresas com 100 ou mais pessoas ocupadas da indústria brasileira.

A coleta foi de curta duração, entre 1º de agosto e 14 de outubro de 2022, em um modelo híbrido, iniciada por contato telefônico, a fim de encontrar o melhor informante, dentro da empresa, para responder o tema da pesquisa, seguida pelo autopreenchimento do questionário eletrônico.

No primeiro semestre do ano que vem, a pesquisa volta a campo com um questionário temático, com divulgação prevista para o segundo semestre de 2023.

De acordo com o coordenador de Estatísticas Estruturais e Temáticas do IBGE, Alessandro Pinheiro, a nova PINTEC segue metodologia internacional e cobre lacunas fundamentais. O novo projeto traz dados mais rapidamente, suprindo a falta de indicadores oficiais com coleta semestral e periodicidade anual.

 

Metade das empresas inova em processo de negócios

A taxa de inovação em processo de negócios é de 57,9%, percentual que ultrapassa 60% entre as grandes empresas. Os processos de negócios relativos à organização do trabalho concentram o maior percentual de inovação (40,6%), seguidos por práticas de gestão ou relações externas (37,5%), marketing (33,5%), processamento de informação e comunicação (32,5%) e produção de bens ou serviços (31,6%). Apenas inovação em processos de contabilidade e operações administrativas, e em logística de entrega e distribuição, a taxa de inovação é abaixo de 30%.

O setor de equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos é o de maior incidência de inovação em processo de negócios (79,2%), seguido pelo setor de produtos químicos (73,7%) e de veículos automotores (70,9%).

“Das sete categorias de processos, 13,2% das empresas apresentaram um comportamento mais robusto, inovando em seis ou sete categorias. Outras 26,6% inovaram entre três e cinco tipos de processos e 18% inovaram em um ou dois processos de negócios. Mas a maior parte, 42,1%, não fez inovação de processo de negócios”, destaca Peixoto.

 

33,9% das empresas investiram em P&D

 

Considerando o conjunto de empresas industriais inovadoras, 33,9% investiu em pesquisa e desenvolvimento. Os setores que se destacaram nesse indicador foram os de equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos (66,6%), de produtos químicos (65,3%) e de farmacêutica e farmoquímica (63%). Já em setores menos tecnológicos, como vestuário, madeira e manutenção e recuperação, a taxa é inferior a 3%.

O maior percentual de empresas que investem em P&D (56,3%) ocorre nas empresas de grande porte, acima de 500, e entre 250 e 499 pessoas ocupadas (36,8%).

 

Na imagem de Freepik, área altamente tecnológica  de indústria inovadora do setor químico.

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